As políticas educativas a partir do materialismo histórico-dialético: aproximações epistemológicas

Autores
Camargo Gomide, Denise
Año de publicación
2014
Idioma
portugués
Tipo de recurso
artículo
Estado
versión aceptada
Descripción
Muitas pesquisas têm se pautado pelo ecletismo metodológico, característico das perspectivas metafísicas. Essa postura de integração de diferentes pontos de vista implica na caracterização de uma inteligência sem vínculo e, portanto, merece um esforço sistemático para sua superação. Neste sentido, este texto tem por objetivo apontar alguns elementos fundamentais do materialismo histórico-dialético (MHD) que, enquanto ciência filosófica, significou uma mudança fundamental na interpretação dos fenômenos sociais. O materialismo histórico-dialético enquanto enfoque epistemológico busca entender o modo humano de produção social da existência vinculando-se, portanto, a uma concepção de realidade, de mundo e de vida. Parte do pressuposto que o universo e tudo o que nele há tem existência material, concreta, e pode ser racionalmente conhecido. E esse conhecimento que é produzido pelo sujeito, reproduz o real em suas múltiplas determinações com o objetivo de superar a aparência mediata das coisas e atingir a sua essência. A pesquisa que se desenvolve pelo viés do materialismo histórico deve contemplar esta concretude entendida como a historicidade do ser, bem como os determinantes econômicos, históricos, políticos e culturais, de modo a considerar, essencialmente, a complexa realidade social presente nos vários momentos históricos. Em cada pesquisa que se pauta pelo enfoque materialista existe um projeto de transformação para a sociedade. Assim, ao estabelecer as máximas relações possíveis para o desvelamento do real, buscando as conexões entre os diferentes aspectos que caracterizam determinada realidade, o fenômeno investigado passa a ser visto a partir de uma perspectiva de totalidade. Tratando-se do estudo de políticas educacionais que, geralmente, abordam temas em níveis mais amplos, dentro de um contexto complexo, há a necessidade de superar as análises redundantes, caracterizadas por conceituação fraca e por um poder de generalização, que se esquiva de realizar uma análise crítica da realidade com vistas à sua transformação, configurando-se muito mais em radiografias, sem outra conotação que não seja a linearidade. Isto faz com que os avanços no campo das políticas educacionais sejam muito lentos. Com o avanço das concepções neoliberais e gerencialistas no processo de definição de políticas educacionais, sobretudo a partir da década de 1990, a utilização do materialismo histórico dialético apresenta-se como o enfoque epistemológico mais apropriado e que mais contribui para o desenvolvimento de pesquisas neste campo de investigação. A investigação sobre políticas educacionais implica no resgate da historicidade do fenômeno, buscando investigá-lo sob a perspectiva histórica no sentido de desvelar os conflitos, contradições, interesses e ideologias que estão por detrás da implementação de tais políticas, resgatando a historicidade cíclica e superando a investigação puramente narrativa e descritiva dos fatos. As políticas educacionais fazem parte da totalidade social e não se pode tratá-las de modo isolado. O estudo da sua gênese, de seu movimento e de suas contradições direcionará a pesquisa para a constante busca de um conjunto amplo de relações, particularidades e detalhes que possibilitarão captar o seu movimento nesta totalidade. Considerando ainda que a implementação de uma política pública é marcada por interesses econômicos, políticos e ideológicos, não é possível captar o significado de Euma política educacional sem compreender a lógica global do sistema orgânico do capital. A investigação sobre políticas educacionais implica, portanto, no resgate da historicidade do fenômeno, buscando investigá-lo sob a perspectiva histórica no sentido de desvelar os conflitos, contradições, interesses e ideologias que estão por detrás da implementação de tais políticas e, neste sentido, é preciso reconhecer o campo das políticas educacionais como um domínio de investigação histórica, resgatando a historicidade cíclica e superando a investigação puramente narrativa e descritiva dos fatos. A mediação histórica no estudo das políticas educacionais permite uma compreensão global do fenômeno em seu desenvolvimento, elucidando como o presente dá significação ao passado, de modo que, numa perspectiva materialista histórico-dialética, potencialize a capacidade dos agentes históricos, ou seja, o conhecimento da mudança. Não há como compreender o presente sem o aporte substancial da história, sem o debruçar crítico sobre as injunções dos acontecimentos passados no fenômeno presente. Nessa perspectiva, o materialismo histórico-dialético enquanto método de investigação é essencialmente polêmico e crítico, pois busca superar o senso comum, a maneira de pensar dominante indo além da reflexão que se esgota em si mesma. O conhecimento crítico, nesta perspectiva, pauta-se por uma postura de transformação da realidade, ou seja, uma reflexão que implica em movimento, em mudança, e não apenas limitar-se à análise crítica. Por estas razões o pensamento marxista se apresenta na contemporaneidade como um referencial revolucionário e transformador da ordem existente.
Fil: Camargo Gomide, Denise. Universidade Estadual de Campinas; Brasil
Materia
Educación
Política educativa
Siglo XX-Segunda mitad
Neoliberalismo
Investigación educativa
Materialismo histórico y dialéctico
Nivel de accesibilidad
acceso abierto
Condiciones de uso
http://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/2.5/ar/
Repositorio
RIDAA (UNICEN)
Institución
Universidad Nacional del Centro de la Provincia de Buenos Aires
OAI Identificador
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Parte do pressuposto que o universo e tudo o que nele há tem existência material, concreta, e pode ser racionalmente conhecido. E esse conhecimento que é produzido pelo sujeito, reproduz o real em suas múltiplas determinações com o objetivo de superar a aparência mediata das coisas e atingir a sua essência. A pesquisa que se desenvolve pelo viés do materialismo histórico deve contemplar esta concretude entendida como a historicidade do ser, bem como os determinantes econômicos, históricos, políticos e culturais, de modo a considerar, essencialmente, a complexa realidade social presente nos vários momentos históricos. Em cada pesquisa que se pauta pelo enfoque materialista existe um projeto de transformação para a sociedade. Assim, ao estabelecer as máximas relações possíveis para o desvelamento do real, buscando as conexões entre os diferentes aspectos que caracterizam determinada realidade, o fenômeno investigado passa a ser visto a partir de uma perspectiva de totalidade. Tratando-se do estudo de políticas educacionais que, geralmente, abordam temas em níveis mais amplos, dentro de um contexto complexo, há a necessidade de superar as análises redundantes, caracterizadas por conceituação fraca e por um poder de generalização, que se esquiva de realizar uma análise crítica da realidade com vistas à sua transformação, configurando-se muito mais em radiografias, sem outra conotação que não seja a linearidade. Isto faz com que os avanços no campo das políticas educacionais sejam muito lentos. Com o avanço das concepções neoliberais e gerencialistas no processo de definição de políticas educacionais, sobretudo a partir da década de 1990, a utilização do materialismo histórico dialético apresenta-se como o enfoque epistemológico mais apropriado e que mais contribui para o desenvolvimento de pesquisas neste campo de investigação. A investigação sobre políticas educacionais implica no resgate da historicidade do fenômeno, buscando investigá-lo sob a perspectiva histórica no sentido de desvelar os conflitos, contradições, interesses e ideologias que estão por detrás da implementação de tais políticas, resgatando a historicidade cíclica e superando a investigação puramente narrativa e descritiva dos fatos. As políticas educacionais fazem parte da totalidade social e não se pode tratá-las de modo isolado. O estudo da sua gênese, de seu movimento e de suas contradições direcionará a pesquisa para a constante busca de um conjunto amplo de relações, particularidades e detalhes que possibilitarão captar o seu movimento nesta totalidade. Considerando ainda que a implementação de uma política pública é marcada por interesses econômicos, políticos e ideológicos, não é possível captar o significado de Euma política educacional sem compreender a lógica global do sistema orgânico do capital. A investigação sobre políticas educacionais implica, portanto, no resgate da historicidade do fenômeno, buscando investigá-lo sob a perspectiva histórica no sentido de desvelar os conflitos, contradições, interesses e ideologias que estão por detrás da implementação de tais políticas e, neste sentido, é preciso reconhecer o campo das políticas educacionais como um domínio de investigação histórica, resgatando a historicidade cíclica e superando a investigação puramente narrativa e descritiva dos fatos. A mediação histórica no estudo das políticas educacionais permite uma compreensão global do fenômeno em seu desenvolvimento, elucidando como o presente dá significação ao passado, de modo que, numa perspectiva materialista histórico-dialética, potencialize a capacidade dos agentes históricos, ou seja, o conhecimento da mudança. Não há como compreender o presente sem o aporte substancial da história, sem o debruçar crítico sobre as injunções dos acontecimentos passados no fenômeno presente. Nessa perspectiva, o materialismo histórico-dialético enquanto método de investigação é essencialmente polêmico e crítico, pois busca superar o senso comum, a maneira de pensar dominante indo além da reflexão que se esgota em si mesma. O conhecimento crítico, nesta perspectiva, pauta-se por uma postura de transformação da realidade, ou seja, uma reflexão que implica em movimento, em mudança, e não apenas limitar-se à análise crítica. Por estas razões o pensamento marxista se apresenta na contemporaneidade como um referencial revolucionário e transformador da ordem existente.Fil: Camargo Gomide, Denise. Universidade Estadual de Campinas; BrasilUniversidad Nacional del Centro de la Provincia de Buenos Aires. Facultad de Ciencias Humanas. Núcleo de Estudios Educacionales y Sociales. 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Tratando-se do estudo de políticas educacionais que, geralmente, abordam temas em níveis mais amplos, dentro de um contexto complexo, há a necessidade de superar as análises redundantes, caracterizadas por conceituação fraca e por um poder de generalização, que se esquiva de realizar uma análise crítica da realidade com vistas à sua transformação, configurando-se muito mais em radiografias, sem outra conotação que não seja a linearidade. Isto faz com que os avanços no campo das políticas educacionais sejam muito lentos. Com o avanço das concepções neoliberais e gerencialistas no processo de definição de políticas educacionais, sobretudo a partir da década de 1990, a utilização do materialismo histórico dialético apresenta-se como o enfoque epistemológico mais apropriado e que mais contribui para o desenvolvimento de pesquisas neste campo de investigação. A investigação sobre políticas educacionais implica no resgate da historicidade do fenômeno, buscando investigá-lo sob a perspectiva histórica no sentido de desvelar os conflitos, contradições, interesses e ideologias que estão por detrás da implementação de tais políticas, resgatando a historicidade cíclica e superando a investigação puramente narrativa e descritiva dos fatos. As políticas educacionais fazem parte da totalidade social e não se pode tratá-las de modo isolado. O estudo da sua gênese, de seu movimento e de suas contradições direcionará a pesquisa para a constante busca de um conjunto amplo de relações, particularidades e detalhes que possibilitarão captar o seu movimento nesta totalidade. Considerando ainda que a implementação de uma política pública é marcada por interesses econômicos, políticos e ideológicos, não é possível captar o significado de Euma política educacional sem compreender a lógica global do sistema orgânico do capital. A investigação sobre políticas educacionais implica, portanto, no resgate da historicidade do fenômeno, buscando investigá-lo sob a perspectiva histórica no sentido de desvelar os conflitos, contradições, interesses e ideologias que estão por detrás da implementação de tais políticas e, neste sentido, é preciso reconhecer o campo das políticas educacionais como um domínio de investigação histórica, resgatando a historicidade cíclica e superando a investigação puramente narrativa e descritiva dos fatos. A mediação histórica no estudo das políticas educacionais permite uma compreensão global do fenômeno em seu desenvolvimento, elucidando como o presente dá significação ao passado, de modo que, numa perspectiva materialista histórico-dialética, potencialize a capacidade dos agentes históricos, ou seja, o conhecimento da mudança. Não há como compreender o presente sem o aporte substancial da história, sem o debruçar crítico sobre as injunções dos acontecimentos passados no fenômeno presente. Nessa perspectiva, o materialismo histórico-dialético enquanto método de investigação é essencialmente polêmico e crítico, pois busca superar o senso comum, a maneira de pensar dominante indo além da reflexão que se esgota em si mesma. O conhecimento crítico, nesta perspectiva, pauta-se por uma postura de transformação da realidade, ou seja, uma reflexão que implica em movimento, em mudança, e não apenas limitar-se à análise crítica. Por estas razões o pensamento marxista se apresenta na contemporaneidade como um referencial revolucionário e transformador da ordem existente.
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E esse conhecimento que é produzido pelo sujeito, reproduz o real em suas múltiplas determinações com o objetivo de superar a aparência mediata das coisas e atingir a sua essência. A pesquisa que se desenvolve pelo viés do materialismo histórico deve contemplar esta concretude entendida como a historicidade do ser, bem como os determinantes econômicos, históricos, políticos e culturais, de modo a considerar, essencialmente, a complexa realidade social presente nos vários momentos históricos. Em cada pesquisa que se pauta pelo enfoque materialista existe um projeto de transformação para a sociedade. Assim, ao estabelecer as máximas relações possíveis para o desvelamento do real, buscando as conexões entre os diferentes aspectos que caracterizam determinada realidade, o fenômeno investigado passa a ser visto a partir de uma perspectiva de totalidade. Tratando-se do estudo de políticas educacionais que, geralmente, abordam temas em níveis mais amplos, dentro de um contexto complexo, há a necessidade de superar as análises redundantes, caracterizadas por conceituação fraca e por um poder de generalização, que se esquiva de realizar uma análise crítica da realidade com vistas à sua transformação, configurando-se muito mais em radiografias, sem outra conotação que não seja a linearidade. Isto faz com que os avanços no campo das políticas educacionais sejam muito lentos. Com o avanço das concepções neoliberais e gerencialistas no processo de definição de políticas educacionais, sobretudo a partir da década de 1990, a utilização do materialismo histórico dialético apresenta-se como o enfoque epistemológico mais apropriado e que mais contribui para o desenvolvimento de pesquisas neste campo de investigação. A investigação sobre políticas educacionais implica no resgate da historicidade do fenômeno, buscando investigá-lo sob a perspectiva histórica no sentido de desvelar os conflitos, contradições, interesses e ideologias que estão por detrás da implementação de tais políticas, resgatando a historicidade cíclica e superando a investigação puramente narrativa e descritiva dos fatos. As políticas educacionais fazem parte da totalidade social e não se pode tratá-las de modo isolado. O estudo da sua gênese, de seu movimento e de suas contradições direcionará a pesquisa para a constante busca de um conjunto amplo de relações, particularidades e detalhes que possibilitarão captar o seu movimento nesta totalidade. Considerando ainda que a implementação de uma política pública é marcada por interesses econômicos, políticos e ideológicos, não é possível captar o significado de Euma política educacional sem compreender a lógica global do sistema orgânico do capital. A investigação sobre políticas educacionais implica, portanto, no resgate da historicidade do fenômeno, buscando investigá-lo sob a perspectiva histórica no sentido de desvelar os conflitos, contradições, interesses e ideologias que estão por detrás da implementação de tais políticas e, neste sentido, é preciso reconhecer o campo das políticas educacionais como um domínio de investigação histórica, resgatando a historicidade cíclica e superando a investigação puramente narrativa e descritiva dos fatos. A mediação histórica no estudo das políticas educacionais permite uma compreensão global do fenômeno em seu desenvolvimento, elucidando como o presente dá significação ao passado, de modo que, numa perspectiva materialista histórico-dialética, potencialize a capacidade dos agentes históricos, ou seja, o conhecimento da mudança. Não há como compreender o presente sem o aporte substancial da história, sem o debruçar crítico sobre as injunções dos acontecimentos passados no fenômeno presente. Nessa perspectiva, o materialismo histórico-dialético enquanto método de investigação é essencialmente polêmico e crítico, pois busca superar o senso comum, a maneira de pensar dominante indo além da reflexão que se esgota em si mesma. O conhecimento crítico, nesta perspectiva, pauta-se por uma postura de transformação da realidade, ou seja, uma reflexão que implica em movimento, em mudança, e não apenas limitar-se à análise crítica. Por estas razões o pensamento marxista se apresenta na contemporaneidade como um referencial revolucionário e transformador da ordem existente.
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