A formação continuada de professores na rede municipal de ensino de blumenau (sc) no período de 1997-2004

Autores
Grosch, María Selma
Año de publicación
2014
Idioma
portugués
Tipo de recurso
artículo
Estado
versión aceptada
Descripción
A formação continuada de professores tem sido discutida com muita ênfase nas duas últimas décadas, envolvendo políticos da área da educação, pesquisadores, acadêmicos, educadores e associações profissionais. Tal discussão tem provocado um avanço na implementação de programas que atendam à demanda de professores, a partir do coletivo de educadores em exercício no magistério da escola pública, que procuram refletir sobre a prática pedagógica no cotidiano escolar e, sobretudo, atualizar seus conhecimentos em ciências da educação que potencializem uma relação entre a teoria e a prática na ação pedagógica. A produção teórica é crescente, eventos oficiais e não oficiais promovem debates e os sistemas de educação investem cada vez mais na elaboração de alternativas de formação continuada de professores. O acompanhamento mais próximo às políticas públicas de aplicação de recursos na formação continuada de professores, no entanto, instiga à reflexão sobre aspectos que envolvem a construção do conhecimento, a práxis filosófica e a constituição de um coletivo pensante dos professores nos encontros de formação. Essas relações são elementos importantes para a compreensão das potencialidades e dos limites à formação continuada no contexto das trajetórias profissionais. O objetivo principal deste estudo foi: investigar, analisar, e compreender o processo de concepção, implementação e avaliação das políticas de formação continuada de professores, em nível municipal, nos períodos de 1997-2000 e 2001-2004, considerando as diretrizes ancoradas nos princípios democráticos de participação, autonomia e emancipação dos sujeitos envolvidos nos processos de formação. Metodologia: Neste estudo optou-se pela perspectiva de uma pesquisa qualitativa, sócio-histórica, com base nos pressupostos do materialismo histórico dialético. Procurou-se compreender as possibilidades que os professores tiveram para construir seu conhecimento numa perspectiva de práxis - relação teoria e prática, e principalmente se esses processos possibilitaram a constituição de um coletivo pensante de educadores. Foram tomados como dados empíricos: a documentação relativa à formação de professores, disponível no Memorial da Educação de Blumenau; um questionário aplicado a professores que atuaram como formadores na Escola de Formação Permanente Paulo Freire, em seu período de vigência; e notícias veiculadas pela mídia em Blumenau no período em estudo. Na análise documental do material existente no Memorial da Educação, as ações foram organizadas em quatro modalidades: a) eventos realizados ao longo do período selecionado para a pesquisa b) sujeitos envolvidos na gestão da formação continuada dos professores, como gestores e também os formadores; c) principais atividades realizadas; objetivos propostos, tempos e espaços destinados à formação; d) textos escritos pelos professores formadores, possibilitando o cruzamento de dados, similares na sua origem, mas diferenciados na aplicação. Resultados e discussão: Não obstante o histórico de uma cultura de avanços e retrocessos, presentes em trocas de governo e alternância de poder, o movimento de formação continuada, no período de 1997-2004, teve relevância por suas características de vanguarda, tendo como diferencial a carga horária semanal dedicada aos estudos, espaço especialmente projetado para esse fim, bem como os propósitos de garantia do acesso, permanência e sucesso dos alunos na escola. Do mesmo modo que a Escola de Formação Permanente “Paulo Freire” teve seu início a partir de rupturas que marcaram um período de transição de governo, teve seu fim instituído na transição do governo seguinte. Nos documentos analisados e nas entrevistas com professoras-formadoras, foi possível depreender que os pressupostos filosóficos e políticos que embasaram esta política propiciaram ações que se constituíram numa oportunidade ímpar de avanços nos conhecimentos dos professores, nas possibilidades de constituição da autonomia intelectual e na construção de um coletivo pensante. No entanto, o que se pode observar e inferir é que estas oportunidades e possibilidades não estiveram ao alcance de todos, tomando-se como exemplo os professores que não aderiram à proposta, já que havia a intenção de que esta adesão fosse democrática, sendo necessário considerar que o processo democrático é dialético e, por conseguinte, contraditório. Estes professores que não aderiram à proposta Escola Sem Fronteiras, formaram um grupo bastante expressivo e não participaram de forma sistemática nos processos de formação centrados na Escola de Formação Permanente Paulo Freire. Em grande medida também os professores que tiveram a oportunidade de participação neste processo não tiveram o tempo suficiente para o entendimento dos pressupostos teóricos que embasaram tal proposta, e tampouco foi suficiente esta participação para que novos conceitos de currículo, processos de aprendizagem, tempos e espaços de avaliação, se consolidassem. Conclusões: Muitos fatores podem ter influenciado e contribuído para a ruptura de uma política educacional que pressupunha uma formação continuada de professores como sujeitos desse processo. No entanto, o que parece mais evidente nesta experiência, em estudo nesta tese, é que nem todos os professores tiveram acesso amplo e irrestrito à formação intelectual de um coletivo pensante, resultando num conhecimento parcial das concepções e conceitos que se queria difundir, não havendo um sentimento de pertencimento de todos que compunham a rede. Este pode ter sido o ponto crucial na ruptura de um projeto que parecia inovador e de grandes perspectivas de sucesso. A atitude passiva, a falta de manifestação expressiva acerca dos avanços sinalizados pela existência desta escola de formação de professores, bem como a ausência de reivindicação de direitos conquistados representam indícios de fragilidade do coletivo, resistências, desconhecimento sobre as concepções e conceitos que embasaram a proposta.
Fil: Grosch, María Selma. Universidade Regional de Blumenau; Brasil
Materia
Formación de docentes
Educación
Brasil
Política educativa
Siglo XX-Segunda mitad
Siglo XXI-Primera mitad
Blumenau
Docentes
Nivel de accesibilidad
acceso abierto
Condiciones de uso
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Repositorio
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Institución
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A produção teórica é crescente, eventos oficiais e não oficiais promovem debates e os sistemas de educação investem cada vez mais na elaboração de alternativas de formação continuada de professores. O acompanhamento mais próximo às políticas públicas de aplicação de recursos na formação continuada de professores, no entanto, instiga à reflexão sobre aspectos que envolvem a construção do conhecimento, a práxis filosófica e a constituição de um coletivo pensante dos professores nos encontros de formação. Essas relações são elementos importantes para a compreensão das potencialidades e dos limites à formação continuada no contexto das trajetórias profissionais. O objetivo principal deste estudo foi: investigar, analisar, e compreender o processo de concepção, implementação e avaliação das políticas de formação continuada de professores, em nível municipal, nos períodos de 1997-2000 e 2001-2004, considerando as diretrizes ancoradas nos princípios democráticos de participação, autonomia e emancipação dos sujeitos envolvidos nos processos de formação. Metodologia: Neste estudo optou-se pela perspectiva de uma pesquisa qualitativa, sócio-histórica, com base nos pressupostos do materialismo histórico dialético. Procurou-se compreender as possibilidades que os professores tiveram para construir seu conhecimento numa perspectiva de práxis - relação teoria e prática, e principalmente se esses processos possibilitaram a constituição de um coletivo pensante de educadores. 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Resultados e discussão: Não obstante o histórico de uma cultura de avanços e retrocessos, presentes em trocas de governo e alternância de poder, o movimento de formação continuada, no período de 1997-2004, teve relevância por suas características de vanguarda, tendo como diferencial a carga horária semanal dedicada aos estudos, espaço especialmente projetado para esse fim, bem como os propósitos de garantia do acesso, permanência e sucesso dos alunos na escola. Do mesmo modo que a Escola de Formação Permanente “Paulo Freire” teve seu início a partir de rupturas que marcaram um período de transição de governo, teve seu fim instituído na transição do governo seguinte. 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Em grande medida também os professores que tiveram a oportunidade de participação neste processo não tiveram o tempo suficiente para o entendimento dos pressupostos teóricos que embasaram tal proposta, e tampouco foi suficiente esta participação para que novos conceitos de currículo, processos de aprendizagem, tempos e espaços de avaliação, se consolidassem. Conclusões: Muitos fatores podem ter influenciado e contribuído para a ruptura de uma política educacional que pressupunha uma formação continuada de professores como sujeitos desse processo. No entanto, o que parece mais evidente nesta experiência, em estudo nesta tese, é que nem todos os professores tiveram acesso amplo e irrestrito à formação intelectual de um coletivo pensante, resultando num conhecimento parcial das concepções e conceitos que se queria difundir, não havendo um sentimento de pertencimento de todos que compunham a rede. Este pode ter sido o ponto crucial na ruptura de um projeto que parecia inovador e de grandes perspectivas de sucesso. A atitude passiva, a falta de manifestação expressiva acerca dos avanços sinalizados pela existência desta escola de formação de professores, bem como a ausência de reivindicação de direitos conquistados representam indícios de fragilidade do coletivo, resistências, desconhecimento sobre as concepções e conceitos que embasaram a proposta.Fil: Grosch, María Selma. Universidade Regional de Blumenau; BrasilUniversidad Nacional del Centro de la Provincia de Buenos Aires. Facultad de Ciencias Humanas. 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Metodologia: Neste estudo optou-se pela perspectiva de uma pesquisa qualitativa, sócio-histórica, com base nos pressupostos do materialismo histórico dialético. Procurou-se compreender as possibilidades que os professores tiveram para construir seu conhecimento numa perspectiva de práxis - relação teoria e prática, e principalmente se esses processos possibilitaram a constituição de um coletivo pensante de educadores. Foram tomados como dados empíricos: a documentação relativa à formação de professores, disponível no Memorial da Educação de Blumenau; um questionário aplicado a professores que atuaram como formadores na Escola de Formação Permanente Paulo Freire, em seu período de vigência; e notícias veiculadas pela mídia em Blumenau no período em estudo. 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Resultados e discussão: Não obstante o histórico de uma cultura de avanços e retrocessos, presentes em trocas de governo e alternância de poder, o movimento de formação continuada, no período de 1997-2004, teve relevância por suas características de vanguarda, tendo como diferencial a carga horária semanal dedicada aos estudos, espaço especialmente projetado para esse fim, bem como os propósitos de garantia do acesso, permanência e sucesso dos alunos na escola. Do mesmo modo que a Escola de Formação Permanente “Paulo Freire” teve seu início a partir de rupturas que marcaram um período de transição de governo, teve seu fim instituído na transição do governo seguinte. Nos documentos analisados e nas entrevistas com professoras-formadoras, foi possível depreender que os pressupostos filosóficos e políticos que embasaram esta política propiciaram ações que se constituíram numa oportunidade ímpar de avanços nos conhecimentos dos professores, nas possibilidades de constituição da autonomia intelectual e na construção de um coletivo pensante. No entanto, o que se pode observar e inferir é que estas oportunidades e possibilidades não estiveram ao alcance de todos, tomando-se como exemplo os professores que não aderiram à proposta, já que havia a intenção de que esta adesão fosse democrática, sendo necessário considerar que o processo democrático é dialético e, por conseguinte, contraditório. Estes professores que não aderiram à proposta Escola Sem Fronteiras, formaram um grupo bastante expressivo e não participaram de forma sistemática nos processos de formação centrados na Escola de Formação Permanente Paulo Freire. 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Este pode ter sido o ponto crucial na ruptura de um projeto que parecia inovador e de grandes perspectivas de sucesso. A atitude passiva, a falta de manifestação expressiva acerca dos avanços sinalizados pela existência desta escola de formação de professores, bem como a ausência de reivindicação de direitos conquistados representam indícios de fragilidade do coletivo, resistências, desconhecimento sobre as concepções e conceitos que embasaram a proposta.
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O acompanhamento mais próximo às políticas públicas de aplicação de recursos na formação continuada de professores, no entanto, instiga à reflexão sobre aspectos que envolvem a construção do conhecimento, a práxis filosófica e a constituição de um coletivo pensante dos professores nos encontros de formação. Essas relações são elementos importantes para a compreensão das potencialidades e dos limites à formação continuada no contexto das trajetórias profissionais. O objetivo principal deste estudo foi: investigar, analisar, e compreender o processo de concepção, implementação e avaliação das políticas de formação continuada de professores, em nível municipal, nos períodos de 1997-2000 e 2001-2004, considerando as diretrizes ancoradas nos princípios democráticos de participação, autonomia e emancipação dos sujeitos envolvidos nos processos de formação. Metodologia: Neste estudo optou-se pela perspectiva de uma pesquisa qualitativa, sócio-histórica, com base nos pressupostos do materialismo histórico dialético. Procurou-se compreender as possibilidades que os professores tiveram para construir seu conhecimento numa perspectiva de práxis - relação teoria e prática, e principalmente se esses processos possibilitaram a constituição de um coletivo pensante de educadores. Foram tomados como dados empíricos: a documentação relativa à formação de professores, disponível no Memorial da Educação de Blumenau; um questionário aplicado a professores que atuaram como formadores na Escola de Formação Permanente Paulo Freire, em seu período de vigência; e notícias veiculadas pela mídia em Blumenau no período em estudo. 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Resultados e discussão: Não obstante o histórico de uma cultura de avanços e retrocessos, presentes em trocas de governo e alternância de poder, o movimento de formação continuada, no período de 1997-2004, teve relevância por suas características de vanguarda, tendo como diferencial a carga horária semanal dedicada aos estudos, espaço especialmente projetado para esse fim, bem como os propósitos de garantia do acesso, permanência e sucesso dos alunos na escola. Do mesmo modo que a Escola de Formação Permanente “Paulo Freire” teve seu início a partir de rupturas que marcaram um período de transição de governo, teve seu fim instituído na transição do governo seguinte. Nos documentos analisados e nas entrevistas com professoras-formadoras, foi possível depreender que os pressupostos filosóficos e políticos que embasaram esta política propiciaram ações que se constituíram numa oportunidade ímpar de avanços nos conhecimentos dos professores, nas possibilidades de constituição da autonomia intelectual e na construção de um coletivo pensante. No entanto, o que se pode observar e inferir é que estas oportunidades e possibilidades não estiveram ao alcance de todos, tomando-se como exemplo os professores que não aderiram à proposta, já que havia a intenção de que esta adesão fosse democrática, sendo necessário considerar que o processo democrático é dialético e, por conseguinte, contraditório. Estes professores que não aderiram à proposta Escola Sem Fronteiras, formaram um grupo bastante expressivo e não participaram de forma sistemática nos processos de formação centrados na Escola de Formação Permanente Paulo Freire. Em grande medida também os professores que tiveram a oportunidade de participação neste processo não tiveram o tempo suficiente para o entendimento dos pressupostos teóricos que embasaram tal proposta, e tampouco foi suficiente esta participação para que novos conceitos de currículo, processos de aprendizagem, tempos e espaços de avaliação, se consolidassem. Conclusões: Muitos fatores podem ter influenciado e contribuído para a ruptura de uma política educacional que pressupunha uma formação continuada de professores como sujeitos desse processo. No entanto, o que parece mais evidente nesta experiência, em estudo nesta tese, é que nem todos os professores tiveram acesso amplo e irrestrito à formação intelectual de um coletivo pensante, resultando num conhecimento parcial das concepções e conceitos que se queria difundir, não havendo um sentimento de pertencimento de todos que compunham a rede. 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