Reforma curricular mineira (2003-2014): a docência na mira do mercado, da gerência e da performatividade
- Autores
- Pereira da Cunha Lima, Gabriela; Mendes, Cláudio Lúcio
- Año de publicación
- 2014
- Idioma
- portugués
- Tipo de recurso
- artículo
- Estado
- versión aceptada
- Descripción
- Nos propomos pensar neste trabalho acerca de algumas características marcantes das políticas curriculares promovidas pelo estado neoliberal no Brasil, especialmente em torno de seus efeitos sobre os processos de subjetivação e experiência docentes. A partir das reflexões teórico-metodológicas produzidas por Michel Foucault a respeito da governamentalidade, problematizamos a relação existente entre a reforma gerencial do Estado (iniciada em meados dos anos 1990) e a conformação de um novo sujeito -professor, cujos conhecimentos e habilidades passam a se orientar pelos preceitos do mercado, do gerencialismo e da performatividade, os quais Stephen Ball denomina como tecnologias da reforma. Nos interessa pensar sobre o modo como as políticas educacionais neoliberais vem produzindo um novo tipo de profissionalismo docente, ao inscrever a educação no feixe de políticas públicas orientadas para a competitividade econômica. As mudanças ocorridas no chamado pós-Estado de Bem-Estar impactam radicalmente sobre nossas experiências profissionais, a ponto de vermos emergir uma nova prática ético-cultural do profissionalismo que celebra o espírito empresarial, a competição e a excelência. O novo paradigma economicista de gestão pública redefine os papel da educação como uma forma de investimento, como uma espécie de capital, configurando o novo ambiente moral dentro do qual as políticas públicas educacionais são arquitetadas e experienciadas pelos diferentes elementos que dela participam. Essa forma de pensar a educação que legitima as políticas educacionais neoliberais instrumentaliza conceitos elaborados por alguns teóricos da Escola de Chicago, a partir dos anos 1950. De acordo com a Teoria do Capital Humano por eles formulada, a educação deve servir ao desenvolvimento econômico, capacitando indivíduos para o mercado de trabalho, indivíduos estes que, como as mercadorias, “valorizam-se” a medida em que se educam. Assim como o capital econômico, essa teoria postula a existência de um capital humano, que se refere a um conjunto de habilidades, capacidades e destrezas que servem de moeda de troca para o indivíduo no mundo do trabalho. O Estado neoliberal, ao se apropriar desse conceito do que é a educação e de seu impacto sobre o mercado e sobre a vida dos próprios indivíduos, desloca o sentido das políticas educacionais do campo dos direitos sociais para o campo da economia, atrelando-as às demandas do mercado capitalista. Nesse contexto, a natureza do trabalho docente se altera substancialmente: as professoras/es não apenas devem produzir em seus alunos as aptidões que podem se transformar em fluxos de renda, mas devem repensar o próprio fazer como um processo contínuo e interminável de investimento, inovação e competitividade. Sobre a Teoria do Capital Humano e sua influência sobre a educação dialogamos especialmente com Oswaldo Javier López-Ruiz, que tem desenvolvido um interessante e profícuo trabalho neste sentido. Para que possamos analisar empiricamente o processo de fabricação da subjetividade e das práticas docentes posto em ação pelas políticas neoliberais, problematizamos de modo mais específico a reforma curricular implementada pelo governo de Minas Gerais a partir de 2003, gestada no seio de uma política mais ampla denominada “Choque de Gestão”. Por meio desse projeto de reforma o governo mineiro se alinha à governamentalidade neoliberal no que se refere à política de regulação de serviços públicos. Iniciado em 2003 e em pleno desenvolvimento ainda hoje, o programa tem como foco central uma mudança no conceito de gestão, que passa a ser pensada em função dos resultados, das metas e números estabelecidos como indicadores de qualidade para cada setor dos serviços públicos. O sistema estadual de ensino de Minas Gerais vem sendo profundamente afetado por essa reforma gerencial. Apresentamos a nova arquitetura da educação pública mineira esboçada a partir do Choque de Gestão, articulada em torno do estabelecimento de um currículo comum e de uma rede de dispositivos avaliativos a ele relacionados, cujos resultados contribuem para a conformação de uma cultura de performance e desempenho no meio escolar. Damos especial atenção aos discursos e práticas que atingem de modo direto os professores(as), pois entendemos que as reformas educacionais neoliberais, e dentre elas as reformas curriculares, produzem novas subjetividades e experiências docentes, vivenciadas dentro um novo quadro político e moral cujo modelo é o mercado.
Fil: Pereira da Cunha Lima, Gabriela. Universidade Federal de Ouro Preto; Brasil
Fil: Mendes, Cláudio Lúcio. Universidade Federal de Ouro Preto; Brasil - Materia
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Brasil
Política educativa
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Reforma de la educación - Nivel de accesibilidad
- acceso abierto
- Condiciones de uso
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- Repositorio
- Institución
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Nos interessa pensar sobre o modo como as políticas educacionais neoliberais vem produzindo um novo tipo de profissionalismo docente, ao inscrever a educação no feixe de políticas públicas orientadas para a competitividade econômica. As mudanças ocorridas no chamado pós-Estado de Bem-Estar impactam radicalmente sobre nossas experiências profissionais, a ponto de vermos emergir uma nova prática ético-cultural do profissionalismo que celebra o espírito empresarial, a competição e a excelência. O novo paradigma economicista de gestão pública redefine os papel da educação como uma forma de investimento, como uma espécie de capital, configurando o novo ambiente moral dentro do qual as políticas públicas educacionais são arquitetadas e experienciadas pelos diferentes elementos que dela participam. Essa forma de pensar a educação que legitima as políticas educacionais neoliberais instrumentaliza conceitos elaborados por alguns teóricos da Escola de Chicago, a partir dos anos 1950. De acordo com a Teoria do Capital Humano por eles formulada, a educação deve servir ao desenvolvimento econômico, capacitando indivíduos para o mercado de trabalho, indivíduos estes que, como as mercadorias, “valorizam-se” a medida em que se educam. Assim como o capital econômico, essa teoria postula a existência de um capital humano, que se refere a um conjunto de habilidades, capacidades e destrezas que servem de moeda de troca para o indivíduo no mundo do trabalho. O Estado neoliberal, ao se apropriar desse conceito do que é a educação e de seu impacto sobre o mercado e sobre a vida dos próprios indivíduos, desloca o sentido das políticas educacionais do campo dos direitos sociais para o campo da economia, atrelando-as às demandas do mercado capitalista. Nesse contexto, a natureza do trabalho docente se altera substancialmente: as professoras/es não apenas devem produzir em seus alunos as aptidões que podem se transformar em fluxos de renda, mas devem repensar o próprio fazer como um processo contínuo e interminável de investimento, inovação e competitividade. Sobre a Teoria do Capital Humano e sua influência sobre a educação dialogamos especialmente com Oswaldo Javier López-Ruiz, que tem desenvolvido um interessante e profícuo trabalho neste sentido. Para que possamos analisar empiricamente o processo de fabricação da subjetividade e das práticas docentes posto em ação pelas políticas neoliberais, problematizamos de modo mais específico a reforma curricular implementada pelo governo de Minas Gerais a partir de 2003, gestada no seio de uma política mais ampla denominada “Choque de Gestão”. Por meio desse projeto de reforma o governo mineiro se alinha à governamentalidade neoliberal no que se refere à política de regulação de serviços públicos. Iniciado em 2003 e em pleno desenvolvimento ainda hoje, o programa tem como foco central uma mudança no conceito de gestão, que passa a ser pensada em função dos resultados, das metas e números estabelecidos como indicadores de qualidade para cada setor dos serviços públicos. O sistema estadual de ensino de Minas Gerais vem sendo profundamente afetado por essa reforma gerencial. Apresentamos a nova arquitetura da educação pública mineira esboçada a partir do Choque de Gestão, articulada em torno do estabelecimento de um currículo comum e de uma rede de dispositivos avaliativos a ele relacionados, cujos resultados contribuem para a conformação de uma cultura de performance e desempenho no meio escolar. Damos especial atenção aos discursos e práticas que atingem de modo direto os professores(as), pois entendemos que as reformas educacionais neoliberais, e dentre elas as reformas curriculares, produzem novas subjetividades e experiências docentes, vivenciadas dentro um novo quadro político e moral cujo modelo é o mercado.Fil: Pereira da Cunha Lima, Gabriela. Universidade Federal de Ouro Preto; BrasilFil: Mendes, Cláudio Lúcio. Universidade Federal de Ouro Preto; BrasilUniversidad Nacional del Centro de la Provincia de Buenos Aires. Facultad de Ciencias Humanas. Núcleo de Estudios Educacionales y Sociales. 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