As representações de ‘educando-pobre’ e a formação da identidade profissional do educador social em ONGs caritativas no Brasil

Autores
Ferreira, Arthur Vianna
Año de publicación
2014
Idioma
portugués
Tipo de recurso
artículo
Estado
versión aceptada
Descripción
Esta pesquisa, resultado de um doutoramento em educação: psicologia da educação objetivou identificar as relações entre as possíveis representações sociais de ‘educando-pobre’ e a identidade profissional dos educadores atuantes no campo da educação não-formal de duas instituições sócio-educativas – uma no Rio de Janeiro-RJ, e outra em Belo Horizonte-MG – de uma rede de ONGs caritativas do Terceiro Setor, administrada pela Igreja Católica Apostólica Romana. Para alcançar estes objetivos buscou-se identificar as representações de ‘educando-pobre’ existentes entre os profissionais da educação desta ONG voltada para a capacitação profissional de seus assistidos, averiguar se estas representações eram sociais e de que forma estas representações auxiliavam na construção de uma identidade própria deste grupo de profissionais da educação que trabalhavam em um processo de educação formal e capacitação profissional com este grupos de sujeitos determinados como empobrecidos pela legislação de filantropia organizada em nosso país. A partir da Teoria das Representações Sociais de Serge Moscovici – em uma abordagem societal de Willem Doise –, da Teoria da Identidade Profissional de Claude Dubar e a análise retórica do discurso dos educadores – proposta por Tarso Bonilla Mazzotti – foi identificada a existência de um modelo figurativo de ‘resgate social’, partilhado por duas representações sociais – a de ‘educando-pobre’ e a de ‘ONG caritativa’ – que organizam, orientam e condicionam o processo de ‘atribuição e pertença’ entre as distintas categorias sociais presentes na negociação entre os educadores sociais e os outros grupos sociais. As entrevistas semidirigidas realizadas com os educadores das instituições estudadas apontam para a existência de um campo simbólico da representação social de ‘educando-pobre’ organizado na figura metonímica do pobre ‘Lázaro’ da cultura sócio-religiosa da instituição que se apresenta como um sujeito ‘fragmentado’ – econômica, social e moralmente – pela sua condição de pobreza. Desta forma, todas as atividades educacionais e de capacitação profissional estão para atender as demandas desta figura metonímica de ‘pobre’ que corresponde, não necessariamente aos sujeitos reais que se encontram no ambiente sócio-educacional, mas ao que os educadores e gestores acreditam que seja as necessidades de um ‘pobre idealizado’ pela instituição e pelos sujeitos responsáveis pelos processos educativos. Enfim, estas referidas representações proporcionam uma ‘esteganalteridade’, ou seja, assumem a função de ‘mascarar’ as reais demandas sócio-educacionais do ‘educando-pobre’ que está presente no cotidiano das relações neste ambiente educativo. Àqueles sujeitos que não se enquadram nesta figura representativa de pobreza acabam por evadir, naturalmente, destes espaços socio-educacionais. Igualmente, as representações sociais de ‘ONGs caritativas’, também presentes no processo identitário do educador social, cumpre duas finalidades. No primeiro momento, a vivência destas representações sociais ajuda a legitimar a existência das instituições sócio-educativas católicas, no ambiente do Terceiro Setor filantrópico brasileiro, projetando a sua importância como investidora de trabalhos sócio-educacionais que promovem a inserção dos sujeitos na sociedade brasileira a partir da educação e da capacitação para o mercado de trabalho. No segundo momentos, estas representações reafirmam a importância dos educadores sociais como uma categoria profissional legitima e responsáveis pela integração das camadas empobrecidas à sociedade civil no país. Neste aspecto, as representações de ONGs caritativas ajudam a criar uma espécie de ‘iconidentidade profissional’, que serve como diferenciador identitário do educador-social em relação aos outros profissionais da educação formal, caracterizando o seu trabalho com os pobres em uma perspectiva de inclusão destes sujeitos na sociedade e no mercado de trabalho, a partir de um tipo de relacionamento diferenciado por aqueles outros profissionais da educação que permaneceram no sistema formal de educação. Ambas as representações sociais, ‘educando-pobre’ e ‘ONGs caritativas’ buscam atender as demandas da figura metonímica do ‘pobre-lázaro’ construído pelo modelo figurativo das representações sociais partilhadas em seu processo básico de atribuição e pertença ao grupo profissional de educadores sociais no Terceiro Setor, sem o compromisso de buscar atender as reais demandas dos pobres que se encontram neste ambiente sócio-educacional.
Fil: Ferreira, Arthur Vianna. Universidade Castelo Branco. Fundação Carlos Chagas; Brasil
Materia
Formación profesional
Educación
Pobreza
Brasil
Trabajo social
Organizaciones no gubernamentales
Nivel de accesibilidad
acceso abierto
Condiciones de uso
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Repositorio
RIDAA (UNICEN)
Institución
Universidad Nacional del Centro de la Provincia de Buenos Aires
OAI Identificador
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A partir da Teoria das Representações Sociais de Serge Moscovici – em uma abordagem societal de Willem Doise –, da Teoria da Identidade Profissional de Claude Dubar e a análise retórica do discurso dos educadores – proposta por Tarso Bonilla Mazzotti – foi identificada a existência de um modelo figurativo de ‘resgate social’, partilhado por duas representações sociais – a de ‘educando-pobre’ e a de ‘ONG caritativa’ – que organizam, orientam e condicionam o processo de ‘atribuição e pertença’ entre as distintas categorias sociais presentes na negociação entre os educadores sociais e os outros grupos sociais. As entrevistas semidirigidas realizadas com os educadores das instituições estudadas apontam para a existência de um campo simbólico da representação social de ‘educando-pobre’ organizado na figura metonímica do pobre ‘Lázaro’ da cultura sócio-religiosa da instituição que se apresenta como um sujeito ‘fragmentado’ – econômica, social e moralmente – pela sua condição de pobreza. Desta forma, todas as atividades educacionais e de capacitação profissional estão para atender as demandas desta figura metonímica de ‘pobre’ que corresponde, não necessariamente aos sujeitos reais que se encontram no ambiente sócio-educacional, mas ao que os educadores e gestores acreditam que seja as necessidades de um ‘pobre idealizado’ pela instituição e pelos sujeitos responsáveis pelos processos educativos. Enfim, estas referidas representações proporcionam uma ‘esteganalteridade’, ou seja, assumem a função de ‘mascarar’ as reais demandas sócio-educacionais do ‘educando-pobre’ que está presente no cotidiano das relações neste ambiente educativo. Àqueles sujeitos que não se enquadram nesta figura representativa de pobreza acabam por evadir, naturalmente, destes espaços socio-educacionais. Igualmente, as representações sociais de ‘ONGs caritativas’, também presentes no processo identitário do educador social, cumpre duas finalidades. 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Neste aspecto, as representações de ONGs caritativas ajudam a criar uma espécie de ‘iconidentidade profissional’, que serve como diferenciador identitário do educador-social em relação aos outros profissionais da educação formal, caracterizando o seu trabalho com os pobres em uma perspectiva de inclusão destes sujeitos na sociedade e no mercado de trabalho, a partir de um tipo de relacionamento diferenciado por aqueles outros profissionais da educação que permaneceram no sistema formal de educação. Ambas as representações sociais, ‘educando-pobre’ e ‘ONGs caritativas’ buscam atender as demandas da figura metonímica do ‘pobre-lázaro’ construído pelo modelo figurativo das representações sociais partilhadas em seu processo básico de atribuição e pertença ao grupo profissional de educadores sociais no Terceiro Setor, sem o compromisso de buscar atender as reais demandas dos pobres que se encontram neste ambiente sócio-educacional.Fil: Ferreira, Arthur Vianna. Universidade Castelo Branco. 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