Identidade profissional de professores e cibercultura: processos de formação inicial
- Autores
- Borges, Martha; Coltre, Guilherme
- Año de publicación
- 2014
- Idioma
- portugués
- Tipo de recurso
- artículo
- Estado
- versión aceptada
- Descripción
- A sociedade contemporânea se caracteriza pela rapidez com se modificam as práticas sociais em todas as suas dimensões: culturais, econômicas, tecnológicas, políticas, etc. As transformações na sociedade proporcionaram saltos qualitativos e quantitativos na vida cultural e social dos sujeitos, dentre estas grandes mudanças podemos citar o advento da tecnologia digital e suas implicações nas diversas áreas do conhecimento. O processo de apropriação das tecnologias, na educação, promove mudanças significativas nas atividades de ensino, nos currículos e nos processos de ensino e de aprendizagem, re-organiza os atores, seus papéis, suas atribuições e suas práticas, as quais exigem o desenvolvimento de novas competências destes sujeitos (PALLOFF e PRATT, 2004; MONEREO e COOL, 2010; SANTAELLA, 2007). As tecnologias digitais modificam ainda os processos de criação, de transmissão, de codificação, de acesso e de armazenamento do conhecimento, de uma maneira nunca verificada anteriormente, incorporando em um só espaço multifacetado, o ciberespaço, todas as demais tecnologias intelectuais (LÉVY, 1997, 2000; MORAN, MASSETO e BEHERENS, 2003; RAMAL, 2002). Dentro deste contexto de mudanças na produção do conhecimento e, conseqüentemente, nos processos de ensino e de aprendizagem, os cursos de formação inicial de professores são os responsáveis pela formação deste profissional. Mas será que estas formações têm considerado este contexto em seus currículos reais e nas práticas e vivências desenvolvidas junto aos futuros professores? E mais, em que medida o processo formativo dos futuros docentes, seus currículos e suas vivências influenciam o desenvolvimento da identidade sua profissional? O desenvolvimento da identidade profissional dos futuros professores é um processo longo e ocorre ao longo de toda a sua formação e de sua carreira profissional. Nos cursos superiores de pedagogia nos deparamos com estudantes que já apresentam uma trajetória pessoal não isenta de concepções sobre o que significa ser professor e sobre como deve ser o seu trabalho. Nestes cursos, muitos dos estudantes já atuam (ou atuaram) em escolas, seja como professores ou como assistentes pedagógicos. Mesmo aqueles estudantes que não vivenciaram nenhuma prática docente em escolas também possuem experiências escolares, uma vez que passaram por níveis educativos anteriores. Na educação básica, que comporta em média 15 anos de escolarização, estes sujeitos conviveram com vários professores, com perfis e características diferentes. Este fenômeno é denominado por Knowles como processo de socialização profissional (2004, p. 119). Assim, pode-se dizer que a grande maioria dos estudantes que ingressam nos Cursos de Pedagogia apresenta comportamentos e concepções bastante internalizadas sobre o que é ser professor, sobre os critérios de avaliação, sobre quais conteúdos devem ser ensinados, sobre as possibilidades de uso das tecnologias digitais na educação, enfim, sobre como deve ser o trabalho e as atividades docentes de professores enquanto profissionais. Dessa forma, os estudantes dos cursos de formação inicial trazem certas concepções de educação, de prática pedagógica bastante internalizadas sobre o que é ser professor e os critérios que definem o que é ser um bom professor. É preciso compreender que as experiências escolares são marcas significativas que esses sujeitos carregam que são demonstradas em seus discursos e que, por sua vez, contribuem para a construção da identidade profissional. Entendemos a identidade profissional não como algo determinado e imutável, mas sim algo que pode ser modificando em função das circunstâncias e do autoconhecimento, a partir da aproximação com a prática docente e com os saberes desse grupo social, por meio das formações oferecidas nos cursos de pedagogia. Assim, este artigo apresenta os resultados de uma pesquisa cujo objetivo principal foi analisar a relação existente entre a formação básica (ensino fundamental e médio) e a formação superior inicial de professores para a construção da identidade profissional e do perfil tecnológico destes profissionais. O processo metodológico adotado se situa na perspectiva da narrativa biográfica, com contribuições da etnografia e da pesquisa participativa por meio de grupos focais. As “vozes” dos estudantes de licenciatura do curso de Pedagogia de uma Instituição de Ensino Superior pública se constituem no principal componente de coleta de dados. Neste artigo analisamos os dados obtidos junto a dois grupos de estudantes do Curso de Pedagogia: dezessete estudantes da primeira fase do curso e dezesseis estudantes da última fase do mesmo curso superior. Os estudantes realizaram narrativas semi-dirigidas, que versaram sobre suas experiências escolares na Educação Básica e na Educação Superior com ênfase no perfil dos professores com os quais eles conviveram e como estes sujeitos utilizavam as tecnologias nos seus processos de ensino. Os principais resultados apontam que os futuros professores desenvolveram uma boa relação com a educação infantil e os anos iniciais da sua escolarização, caracterizando-os como um espaço acolhedor e de ensinamento. Já nos anos finais e no ensino médio, esta relação com a escola muda, devido a modificações inesperadas, especialmente curriculares, como conteúdo em excesso, avaliação como controle, professores rígidos e práticas educativas severas. No que se refere às narrativas dos estudantes da última fase do Curso de Pedagogia ressalta-se que a principal experiência dos entrevistados está ligada a recursos tecnológicos não disponibilizados no curso, uma vez que afirmam que os recursos utilizados em sala de aula são escassos. Todos os acadêmicos participantes das duas etapas afirmaram que seus professores utilizavam apenas recursos como slideshow e reprodução de vídeos online e ainda, que sentem falta de uma discussão sobre o impacto da tecnologia na educação. Para eles, é necessário compreender as possibilidades e obstáculos para desenvolverem práticas docentes inovadoras. Neste sentido, a formação oferecida na graduação revela uma visão restrita de tecnologias por parte dos estudantes, limitada apenas ao uso de computadores e equipamentos eletrônicos.
Fil: Borges, Martha. Universidad del Estado de Santa Catarina; Brasil
Fil: Coltre, Guilherme. Universidad del Estado de Santa Catarina; Brasil - Materia
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Enseñanza superior
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Brasil
Docentes
Cibercultura - Nivel de accesibilidad
- acceso abierto
- Condiciones de uso
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- Repositorio
- Institución
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Os principais resultados apontam que os futuros professores desenvolveram uma boa relação com a educação infantil e os anos iniciais da sua escolarização, caracterizando-os como um espaço acolhedor e de ensinamento. Já nos anos finais e no ensino médio, esta relação com a escola muda, devido a modificações inesperadas, especialmente curriculares, como conteúdo em excesso, avaliação como controle, professores rígidos e práticas educativas severas. No que se refere às narrativas dos estudantes da última fase do Curso de Pedagogia ressalta-se que a principal experiência dos entrevistados está ligada a recursos tecnológicos não disponibilizados no curso, uma vez que afirmam que os recursos utilizados em sala de aula são escassos. Todos os acadêmicos participantes das duas etapas afirmaram que seus professores utilizavam apenas recursos como slideshow e reprodução de vídeos online e ainda, que sentem falta de uma discussão sobre o impacto da tecnologia na educação. 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O desenvolvimento da identidade profissional dos futuros professores é um processo longo e ocorre ao longo de toda a sua formação e de sua carreira profissional. Nos cursos superiores de pedagogia nos deparamos com estudantes que já apresentam uma trajetória pessoal não isenta de concepções sobre o que significa ser professor e sobre como deve ser o seu trabalho. Nestes cursos, muitos dos estudantes já atuam (ou atuaram) em escolas, seja como professores ou como assistentes pedagógicos. Mesmo aqueles estudantes que não vivenciaram nenhuma prática docente em escolas também possuem experiências escolares, uma vez que passaram por níveis educativos anteriores. Na educação básica, que comporta em média 15 anos de escolarização, estes sujeitos conviveram com vários professores, com perfis e características diferentes. Este fenômeno é denominado por Knowles como processo de socialização profissional (2004, p. 119). Assim, pode-se dizer que a grande maioria dos estudantes que ingressam nos Cursos de Pedagogia apresenta comportamentos e concepções bastante internalizadas sobre o que é ser professor, sobre os critérios de avaliação, sobre quais conteúdos devem ser ensinados, sobre as possibilidades de uso das tecnologias digitais na educação, enfim, sobre como deve ser o trabalho e as atividades docentes de professores enquanto profissionais. Dessa forma, os estudantes dos cursos de formação inicial trazem certas concepções de educação, de prática pedagógica bastante internalizadas sobre o que é ser professor e os critérios que definem o que é ser um bom professor. É preciso compreender que as experiências escolares são marcas significativas que esses sujeitos carregam que são demonstradas em seus discursos e que, por sua vez, contribuem para a construção da identidade profissional. 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Neste artigo analisamos os dados obtidos junto a dois grupos de estudantes do Curso de Pedagogia: dezessete estudantes da primeira fase do curso e dezesseis estudantes da última fase do mesmo curso superior. Os estudantes realizaram narrativas semi-dirigidas, que versaram sobre suas experiências escolares na Educação Básica e na Educação Superior com ênfase no perfil dos professores com os quais eles conviveram e como estes sujeitos utilizavam as tecnologias nos seus processos de ensino. Os principais resultados apontam que os futuros professores desenvolveram uma boa relação com a educação infantil e os anos iniciais da sua escolarização, caracterizando-os como um espaço acolhedor e de ensinamento. Já nos anos finais e no ensino médio, esta relação com a escola muda, devido a modificações inesperadas, especialmente curriculares, como conteúdo em excesso, avaliação como controle, professores rígidos e práticas educativas severas. 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Neste artigo analisamos os dados obtidos junto a dois grupos de estudantes do Curso de Pedagogia: dezessete estudantes da primeira fase do curso e dezesseis estudantes da última fase do mesmo curso superior. Os estudantes realizaram narrativas semi-dirigidas, que versaram sobre suas experiências escolares na Educação Básica e na Educação Superior com ênfase no perfil dos professores com os quais eles conviveram e como estes sujeitos utilizavam as tecnologias nos seus processos de ensino. Os principais resultados apontam que os futuros professores desenvolveram uma boa relação com a educação infantil e os anos iniciais da sua escolarização, caracterizando-os como um espaço acolhedor e de ensinamento. Já nos anos finais e no ensino médio, esta relação com a escola muda, devido a modificações inesperadas, especialmente curriculares, como conteúdo em excesso, avaliação como controle, professores rígidos e práticas educativas severas. No que se refere às narrativas dos estudantes da última fase do Curso de Pedagogia ressalta-se que a principal experiência dos entrevistados está ligada a recursos tecnológicos não disponibilizados no curso, uma vez que afirmam que os recursos utilizados em sala de aula são escassos. Todos os acadêmicos participantes das duas etapas afirmaram que seus professores utilizavam apenas recursos como slideshow e reprodução de vídeos online e ainda, que sentem falta de uma discussão sobre o impacto da tecnologia na educação. Para eles, é necessário compreender as possibilidades e obstáculos para desenvolverem práticas docentes inovadoras. Neste sentido, a formação oferecida na graduação revela uma visão restrita de tecnologias por parte dos estudantes, limitada apenas ao uso de computadores e equipamentos eletrônicos. |
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