Sobre o marco analítico-conceitual da tecnociência solidária

Autores
Dagnino, Renato
Año de publicación
2019
Idioma
portugués
Tipo de recurso
artículo
Estado
versión publicada
Descripción
Fil: Dagnino, Renato. Universidade Estadual de Campinas. Departamento de Política Científica e Tecnológica; Brasil.
Este texto apresenta o resultado de um propósito que persigo há mais de quatro décadas, que tem como origem mais remota minha filiação ao Pensamento Latino-americano em Ciência, Tecnologia e Sociedade fundado nos anos 1970, cujo objetivo é utilizar nosso potencial tecnocientífico para superar o subdesenvolvimento, a dependência e a desigualdade. Mais especificamente, o conceito que aqui proponho de tecnociência solidária com a elemento central que traduz a metáfora de plataforma cognitiva de lançamento da economia solidária. A tecnociência solidária é a decorrência cognitiva da ação de um coletivo de produtores sobre um processo de trabalho que, em função de um contexto socioeconômico –que engendra a propriedade coletiva dos meios de produção– e de um acordo social –que legitima o associativismo–, os quais ensejam, no ambiente produtivo, um controle –autogestionário– e uma cooperação –de tipo voluntário e participativo–, provoca uma modificação no produto gerado cujo resultado material pode ser apropriado segundo a decisão do coletivo –empreendimento solidário. Este desenvolvimento demandou uma crítica superadora do conceito –de tecnologia social– utilizado no âmbito do movimento da economia solidária. O que anima a iniciativa que faço neste texto é o fato de que, contraditoriamente, dado que esse movimento é politicamente contra-hegemônico, se tendem a legitimar no plano cognitivo dois mitos que dificultam a inclusão social. O primeiro, é o da separação entre ciência e tecnologia. O segundo, é o da neutralidade da tecnociência. Para terminar, indico mais dois pontos: O primeiro, se refere à ideia de que o conceito de tecnociência solidária, colocado em substituição ao de tecnologia social, como derivado da especificação do conceito –genérico– de tecnociência pode contribuir para evitar o maniqueísmo do conceito usual de tecnologia social concebido por negação ao da tecnologia convencional. O segundo, é que parece ingênua e inócua a postura daqueles que, ao criticar a ideia de neutralidade da tecnociência capitalista, almejam uma outra que, esta sim, seja neutra e verdadeira. E que, em consequência, pretendem que os envolvidos com as atividades de pesquisa em instituições públicas se esforcem –reativamente– para não permitir que elas sejam “contaminadas” com os interesses privados. A postura que aqui se propõe é, ao contrário, francamente proativa.
This text presents the result of a purpose that I have pursued for more than four decades, which has as its most remote origin my affiliation to Latin American Thought in Science, Technology and Society founded in the 1970s, whose objective is to use our technoscientific potential to overcome underdevelopment, dependency and inequality. More specifically, the concept I propose here of technoscience in solidarity with the central element that translates the metaphor of the cognitive platform for launching the solidarity economy. Solidary technoscience is the cognitive consequence of the action of a collective of producers on a work process that, due to a socioeconomic context (which engenders the collective ownership of the means of production) and a social agreement (which legitimizes associativism), which give rise, in the productive environment, to control (self-management) and cooperation (of a voluntary and participatory type), causes a change in the product generated whose material result may be appropriate according to the collective decision (solidarity enterprise). This development demanded an overcoming criticism of the concept –of social technology– used within the solidarity economy movement. What animates the initiative I make in this text is the fact that, by contradiction, given that this movement is politically counter-hegemonic, two myths that hinder social inclusion tend to legitimize on the cognitive level. The first is the separation of science and technology. The second is the neutrality of technoscience. Finally, I would like to point out two more points: The first refers to the idea that the concept of solidary technoscience, placed in substitution to that of social technology, as derived from the specification of the generic concept of technoscience can contribute to avoid the concept’s Manichaeism, usual social technology conceived in denial to conventional technology. The second is that it seems naive and innocuous the stance of those who, when criticizing the idea of ​​neutrality of capitalist technoscience, aim for another one that, in fact, is neutral and true. And that, as a result, they intend that those involved in research activities in public institutions endeavor –reactively– not to allow them to be “contaminated” with private interests. The posture proposed here is, on the contrary, frankly proactive.
Fuente
Redes
0328-3186 (impresa)
1851-7072 (en línea)
Materia
Tecnociencia
Economía solidaria
Filosofía de la tecnología
Tecnología social
Technoscience
Solidarity economy
Philosophy of technology
Social technology
Tecnociência
Economia solidária
Filosofia da tecnologia
Tecnologia social
Nivel de accesibilidad
acceso abierto
Condiciones de uso
https://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/2.5/ar/
Repositorio
RIDAA (UNQ)
Institución
Universidad Nacional de Quilmes
OAI Identificador
oai:ridaa.unq.edu.ar:20.500.11807/3455

id RIDAA_16485510a95525e8a6525edbfabd46c9
oai_identifier_str oai:ridaa.unq.edu.ar:20.500.11807/3455
network_acronym_str RIDAA
repository_id_str 4108
network_name_str RIDAA (UNQ)
spelling Sobre o marco analítico-conceitual da tecnociência solidáriaSolidarity technoscience. An analytical-conceptual frameworkDagnino, RenatoTecnocienciaEconomía solidariaFilosofía de la tecnologíaTecnología socialTechnoscienceSolidarity economyPhilosophy of technologySocial technologyTecnociênciaEconomia solidáriaFilosofia da tecnologiaTecnologia socialFil: Dagnino, Renato. Universidade Estadual de Campinas. Departamento de Política Científica e Tecnológica; Brasil.Este texto apresenta o resultado de um propósito que persigo há mais de quatro décadas, que tem como origem mais remota minha filiação ao Pensamento Latino-americano em Ciência, Tecnologia e Sociedade fundado nos anos 1970, cujo objetivo é utilizar nosso potencial tecnocientífico para superar o subdesenvolvimento, a dependência e a desigualdade. Mais especificamente, o conceito que aqui proponho de tecnociência solidária com a elemento central que traduz a metáfora de plataforma cognitiva de lançamento da economia solidária. A tecnociência solidária é a decorrência cognitiva da ação de um coletivo de produtores sobre um processo de trabalho que, em função de um contexto socioeconômico –que engendra a propriedade coletiva dos meios de produção– e de um acordo social –que legitima o associativismo–, os quais ensejam, no ambiente produtivo, um controle –autogestionário– e uma cooperação –de tipo voluntário e participativo–, provoca uma modificação no produto gerado cujo resultado material pode ser apropriado segundo a decisão do coletivo –empreendimento solidário. Este desenvolvimento demandou uma crítica superadora do conceito –de tecnologia social– utilizado no âmbito do movimento da economia solidária. O que anima a iniciativa que faço neste texto é o fato de que, contraditoriamente, dado que esse movimento é politicamente contra-hegemônico, se tendem a legitimar no plano cognitivo dois mitos que dificultam a inclusão social. O primeiro, é o da separação entre ciência e tecnologia. O segundo, é o da neutralidade da tecnociência. Para terminar, indico mais dois pontos: O primeiro, se refere à ideia de que o conceito de tecnociência solidária, colocado em substituição ao de tecnologia social, como derivado da especificação do conceito –genérico– de tecnociência pode contribuir para evitar o maniqueísmo do conceito usual de tecnologia social concebido por negação ao da tecnologia convencional. O segundo, é que parece ingênua e inócua a postura daqueles que, ao criticar a ideia de neutralidade da tecnociência capitalista, almejam uma outra que, esta sim, seja neutra e verdadeira. E que, em consequência, pretendem que os envolvidos com as atividades de pesquisa em instituições públicas se esforcem –reativamente– para não permitir que elas sejam “contaminadas” com os interesses privados. A postura que aqui se propõe é, ao contrário, francamente proativa.This text presents the result of a purpose that I have pursued for more than four decades, which has as its most remote origin my affiliation to Latin American Thought in Science, Technology and Society founded in the 1970s, whose objective is to use our technoscientific potential to overcome underdevelopment, dependency and inequality. More specifically, the concept I propose here of technoscience in solidarity with the central element that translates the metaphor of the cognitive platform for launching the solidarity economy. Solidary technoscience is the cognitive consequence of the action of a collective of producers on a work process that, due to a socioeconomic context (which engenders the collective ownership of the means of production) and a social agreement (which legitimizes associativism), which give rise, in the productive environment, to control (self-management) and cooperation (of a voluntary and participatory type), causes a change in the product generated whose material result may be appropriate according to the collective decision (solidarity enterprise). This development demanded an overcoming criticism of the concept –of social technology– used within the solidarity economy movement. What animates the initiative I make in this text is the fact that, by contradiction, given that this movement is politically counter-hegemonic, two myths that hinder social inclusion tend to legitimize on the cognitive level. The first is the separation of science and technology. The second is the neutrality of technoscience. Finally, I would like to point out two more points: The first refers to the idea that the concept of solidary technoscience, placed in substitution to that of social technology, as derived from the specification of the generic concept of technoscience can contribute to avoid the concept’s Manichaeism, usual social technology conceived in denial to conventional technology. The second is that it seems naive and innocuous the stance of those who, when criticizing the idea of ​​neutrality of capitalist technoscience, aim for another one that, in fact, is neutral and true. And that, as a result, they intend that those involved in research activities in public institutions endeavor –reactively– not to allow them to be “contaminated” with private interests. The posture proposed here is, on the contrary, frankly proactive.Universidad Nacional de Quilmes2019-12info:eu-repo/semantics/articleinfo:eu-repo/semantics/publishedVersionhttp://purl.org/coar/resource_type/c_6501info:ar-repo/semantics/articuloapplication/pdfhttp://ridaa.unq.edu.ar/handle/20.500.11807/3455Redes0328-3186 (impresa)1851-7072 (en línea)reponame:RIDAA (UNQ)instname:Universidad Nacional de Quilmesporinfo:eu-repo/semantics/openAccesshttps://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/2.5/ar/2025-09-04T09:43:58Zoai:ridaa.unq.edu.ar:20.500.11807/3455instacron:UNQInstitucionalhttp://ridaa.unq.edu.ar/Universidad públicaNo correspondehttp://ridaa.unq.edu.ar/oai/snrdalejandro@unq.edu.arArgentinaNo correspondeNo correspondeNo correspondeopendoar:41082025-09-04 09:43:58.946RIDAA (UNQ) - Universidad Nacional de Quilmesfalse
dc.title.none.fl_str_mv Sobre o marco analítico-conceitual da tecnociência solidária
Solidarity technoscience. An analytical-conceptual framework
title Sobre o marco analítico-conceitual da tecnociência solidária
spellingShingle Sobre o marco analítico-conceitual da tecnociência solidária
Dagnino, Renato
Tecnociencia
Economía solidaria
Filosofía de la tecnología
Tecnología social
Technoscience
Solidarity economy
Philosophy of technology
Social technology
Tecnociência
Economia solidária
Filosofia da tecnologia
Tecnologia social
title_short Sobre o marco analítico-conceitual da tecnociência solidária
title_full Sobre o marco analítico-conceitual da tecnociência solidária
title_fullStr Sobre o marco analítico-conceitual da tecnociência solidária
title_full_unstemmed Sobre o marco analítico-conceitual da tecnociência solidária
title_sort Sobre o marco analítico-conceitual da tecnociência solidária
dc.creator.none.fl_str_mv Dagnino, Renato
author Dagnino, Renato
author_facet Dagnino, Renato
author_role author
dc.subject.none.fl_str_mv Tecnociencia
Economía solidaria
Filosofía de la tecnología
Tecnología social
Technoscience
Solidarity economy
Philosophy of technology
Social technology
Tecnociência
Economia solidária
Filosofia da tecnologia
Tecnologia social
topic Tecnociencia
Economía solidaria
Filosofía de la tecnología
Tecnología social
Technoscience
Solidarity economy
Philosophy of technology
Social technology
Tecnociência
Economia solidária
Filosofia da tecnologia
Tecnologia social
dc.description.none.fl_txt_mv Fil: Dagnino, Renato. Universidade Estadual de Campinas. Departamento de Política Científica e Tecnológica; Brasil.
Este texto apresenta o resultado de um propósito que persigo há mais de quatro décadas, que tem como origem mais remota minha filiação ao Pensamento Latino-americano em Ciência, Tecnologia e Sociedade fundado nos anos 1970, cujo objetivo é utilizar nosso potencial tecnocientífico para superar o subdesenvolvimento, a dependência e a desigualdade. Mais especificamente, o conceito que aqui proponho de tecnociência solidária com a elemento central que traduz a metáfora de plataforma cognitiva de lançamento da economia solidária. A tecnociência solidária é a decorrência cognitiva da ação de um coletivo de produtores sobre um processo de trabalho que, em função de um contexto socioeconômico –que engendra a propriedade coletiva dos meios de produção– e de um acordo social –que legitima o associativismo–, os quais ensejam, no ambiente produtivo, um controle –autogestionário– e uma cooperação –de tipo voluntário e participativo–, provoca uma modificação no produto gerado cujo resultado material pode ser apropriado segundo a decisão do coletivo –empreendimento solidário. Este desenvolvimento demandou uma crítica superadora do conceito –de tecnologia social– utilizado no âmbito do movimento da economia solidária. O que anima a iniciativa que faço neste texto é o fato de que, contraditoriamente, dado que esse movimento é politicamente contra-hegemônico, se tendem a legitimar no plano cognitivo dois mitos que dificultam a inclusão social. O primeiro, é o da separação entre ciência e tecnologia. O segundo, é o da neutralidade da tecnociência. Para terminar, indico mais dois pontos: O primeiro, se refere à ideia de que o conceito de tecnociência solidária, colocado em substituição ao de tecnologia social, como derivado da especificação do conceito –genérico– de tecnociência pode contribuir para evitar o maniqueísmo do conceito usual de tecnologia social concebido por negação ao da tecnologia convencional. O segundo, é que parece ingênua e inócua a postura daqueles que, ao criticar a ideia de neutralidade da tecnociência capitalista, almejam uma outra que, esta sim, seja neutra e verdadeira. E que, em consequência, pretendem que os envolvidos com as atividades de pesquisa em instituições públicas se esforcem –reativamente– para não permitir que elas sejam “contaminadas” com os interesses privados. A postura que aqui se propõe é, ao contrário, francamente proativa.
This text presents the result of a purpose that I have pursued for more than four decades, which has as its most remote origin my affiliation to Latin American Thought in Science, Technology and Society founded in the 1970s, whose objective is to use our technoscientific potential to overcome underdevelopment, dependency and inequality. More specifically, the concept I propose here of technoscience in solidarity with the central element that translates the metaphor of the cognitive platform for launching the solidarity economy. Solidary technoscience is the cognitive consequence of the action of a collective of producers on a work process that, due to a socioeconomic context (which engenders the collective ownership of the means of production) and a social agreement (which legitimizes associativism), which give rise, in the productive environment, to control (self-management) and cooperation (of a voluntary and participatory type), causes a change in the product generated whose material result may be appropriate according to the collective decision (solidarity enterprise). This development demanded an overcoming criticism of the concept –of social technology– used within the solidarity economy movement. What animates the initiative I make in this text is the fact that, by contradiction, given that this movement is politically counter-hegemonic, two myths that hinder social inclusion tend to legitimize on the cognitive level. The first is the separation of science and technology. The second is the neutrality of technoscience. Finally, I would like to point out two more points: The first refers to the idea that the concept of solidary technoscience, placed in substitution to that of social technology, as derived from the specification of the generic concept of technoscience can contribute to avoid the concept’s Manichaeism, usual social technology conceived in denial to conventional technology. The second is that it seems naive and innocuous the stance of those who, when criticizing the idea of ​​neutrality of capitalist technoscience, aim for another one that, in fact, is neutral and true. And that, as a result, they intend that those involved in research activities in public institutions endeavor –reactively– not to allow them to be “contaminated” with private interests. The posture proposed here is, on the contrary, frankly proactive.
description Fil: Dagnino, Renato. Universidade Estadual de Campinas. Departamento de Política Científica e Tecnológica; Brasil.
publishDate 2019
dc.date.none.fl_str_mv 2019-12
dc.type.none.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/article
info:eu-repo/semantics/publishedVersion
http://purl.org/coar/resource_type/c_6501
info:ar-repo/semantics/articulo
format article
status_str publishedVersion
dc.identifier.none.fl_str_mv http://ridaa.unq.edu.ar/handle/20.500.11807/3455
url http://ridaa.unq.edu.ar/handle/20.500.11807/3455
dc.language.none.fl_str_mv por
language por
dc.rights.none.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/openAccess
https://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/2.5/ar/
eu_rights_str_mv openAccess
rights_invalid_str_mv https://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/2.5/ar/
dc.format.none.fl_str_mv application/pdf
dc.publisher.none.fl_str_mv Universidad Nacional de Quilmes
publisher.none.fl_str_mv Universidad Nacional de Quilmes
dc.source.none.fl_str_mv Redes
0328-3186 (impresa)
1851-7072 (en línea)
reponame:RIDAA (UNQ)
instname:Universidad Nacional de Quilmes
reponame_str RIDAA (UNQ)
collection RIDAA (UNQ)
instname_str Universidad Nacional de Quilmes
repository.name.fl_str_mv RIDAA (UNQ) - Universidad Nacional de Quilmes
repository.mail.fl_str_mv alejandro@unq.edu.ar
_version_ 1842340607045926912
score 12.623145