Hospitalidade como desconstrução pela parusia segundo Jacques Derrida
- Autores
- Borges de Meneses, Ramiro Délio
- Año de publicación
- 2016
- Idioma
- portugués
- Tipo de recurso
- artículo
- Estado
- versión publicada
- Descripción
- Fil: Borges de Meneses, Ramiro Délio. Universidade Católica Portuguesa; Portugal
Introdução: A hospitalidade é uma «parusia» do Outro-estranho para com o anfitrião e vice-versa. Assim, a hospitalidade é quia venturus est do homo mendicans. A hospitalidade é eventum alteri, através de uma relação plesiológica. Quanto ao seu fundamento axiológico e fenomenológico reside numa «esplancnoplesiologia » entre um anfitrião e um estrangeiro. Na verdade, a hospitalidade é o «Zukunft» do Outro. A hospitalidade, segundo Derrida, será, em primeiro lugar, a exposição incondicional e incalculável ao que «acontece», à vinda do que vem, antes de «quoi» (que) ou «quiconque» (qualquer um). Logo, o «que quer que seja» é o acontecimento singular, surpreendente, excepcional, excessivo e inapropriável do que acontece. A este, Derrida chama «tout autre» (totalmente outro) ou «autre absolu » (outro absoluto), porque absolutamente único e separado do horizonte intencional e do tempo cronológico. Acolhê-lo seria acolher para lá da capacidade do «acolhimento», seria acolher mais do que é possível «acolher». Logo, a hospitalidade é um «Unterkunft» (acolhimento) do que «há-de vir» (adventum). É a «parusia» do Outro-estrangeiro, que entra na «minha casa» (chez moi). Na verdade, a hospitalidade incondicional ou o «acolhimento do absolutamente outro» é impossível, porque é impossível ter lugar num espaço-tempo determinado. Se o evento é, para Derrida, a vinda do absolutamente Outro, que chega ou acontece, então ele não pode ser senão impossível, o que quer dizer impossível de imaginar. Se a hospitalidade se refere à capacidade de acolher, no próprio lugar, o estranho e vulnerável, então o grande repto consiste em verificar a situação dos vulneráveis: como é o homo mendicans (homem pedinte). Ser hospitaleiro pressupõe, segundo Derrida, a capacidade de recepção ou do acolhimento do Outro. Assim, o conceito de hospitalidade não é estático, é, de preferência, um conceito dinâmico, que nos obriga a sair de nós próprios e das instituições, para poder estar atento à vulnerabilidade do estrangeiro. Derrida procura separar o conceito de pura hospitalidade do conceito de «convite». Se eu te espero e estou preparado para te receber, então implica que não existe surpresa, dado que tudo está em ordem. Segundo Derrida, a hospitalidade é uma desconstrução, que se revela como uma «parusia», enquanto que para Levinas a hospitalidade é uma ética. - Fuente
- Sapientia, 72(239), 2016
- Materia
-
FILOSOFIA
ALTERIDAD
HOSPITALIDAD
Derrida, Jacques, 1930-2004 - Nivel de accesibilidad
- acceso abierto
- Condiciones de uso
- https://creativecommons.org/licenses/by-nc-sa/4.0/
- Repositorio
- Institución
- Pontificia Universidad Católica Argentina
- OAI Identificador
- oai:ucacris:123456789/4437
Ver los metadatos del registro completo
id |
RIUCA_c2afab9616ae05a97ddd367fabd558de |
---|---|
oai_identifier_str |
oai:ucacris:123456789/4437 |
network_acronym_str |
RIUCA |
repository_id_str |
2585 |
network_name_str |
Repositorio Institucional (UCA) |
spelling |
Hospitalidade como desconstrução pela parusia segundo Jacques DerridaBorges de Meneses, Ramiro DélioFILOSOFIAALTERIDADHOSPITALIDADDerrida, Jacques, 1930-2004Fil: Borges de Meneses, Ramiro Délio. Universidade Católica Portuguesa; PortugalIntrodução: A hospitalidade é uma «parusia» do Outro-estranho para com o anfitrião e vice-versa. Assim, a hospitalidade é quia venturus est do homo mendicans. A hospitalidade é eventum alteri, através de uma relação plesiológica. Quanto ao seu fundamento axiológico e fenomenológico reside numa «esplancnoplesiologia » entre um anfitrião e um estrangeiro. Na verdade, a hospitalidade é o «Zukunft» do Outro. A hospitalidade, segundo Derrida, será, em primeiro lugar, a exposição incondicional e incalculável ao que «acontece», à vinda do que vem, antes de «quoi» (que) ou «quiconque» (qualquer um). Logo, o «que quer que seja» é o acontecimento singular, surpreendente, excepcional, excessivo e inapropriável do que acontece. A este, Derrida chama «tout autre» (totalmente outro) ou «autre absolu » (outro absoluto), porque absolutamente único e separado do horizonte intencional e do tempo cronológico. Acolhê-lo seria acolher para lá da capacidade do «acolhimento», seria acolher mais do que é possível «acolher». Logo, a hospitalidade é um «Unterkunft» (acolhimento) do que «há-de vir» (adventum). É a «parusia» do Outro-estrangeiro, que entra na «minha casa» (chez moi). Na verdade, a hospitalidade incondicional ou o «acolhimento do absolutamente outro» é impossível, porque é impossível ter lugar num espaço-tempo determinado. Se o evento é, para Derrida, a vinda do absolutamente Outro, que chega ou acontece, então ele não pode ser senão impossível, o que quer dizer impossível de imaginar. Se a hospitalidade se refere à capacidade de acolher, no próprio lugar, o estranho e vulnerável, então o grande repto consiste em verificar a situação dos vulneráveis: como é o homo mendicans (homem pedinte). Ser hospitaleiro pressupõe, segundo Derrida, a capacidade de recepção ou do acolhimento do Outro. Assim, o conceito de hospitalidade não é estático, é, de preferência, um conceito dinâmico, que nos obriga a sair de nós próprios e das instituições, para poder estar atento à vulnerabilidade do estrangeiro. Derrida procura separar o conceito de pura hospitalidade do conceito de «convite». Se eu te espero e estou preparado para te receber, então implica que não existe surpresa, dado que tudo está em ordem. Segundo Derrida, a hospitalidade é uma desconstrução, que se revela como uma «parusia», enquanto que para Levinas a hospitalidade é uma ética.Pontificia Universidad Católica Argentina. Facultad de Filosofía y Letras2016info:eu-repo/semantics/articleinfo:eu-repo/semantics/publishedVersionhttp://purl.org/coar/resource_type/c_6501info:ar-repo/semantics/articuloapplication/pdfhttps://repositorio.uca.edu.ar/handle/123456789/44370036-4703Borges de Meneses, R. D. Hospitalidade como desconstrução pela parusia segundo Jacques Derrida [en línea]. Sapientia. 2016, 72 (239). Disponible en: https://repositorio.uca.edu.ar/handle/123456789/4437Sapientia, 72(239), 2016reponame:Repositorio Institucional (UCA)instname:Pontificia Universidad Católica Argentinaporinfo:eu-repo/semantics/openAccesshttps://creativecommons.org/licenses/by-nc-sa/4.0/2025-07-03T10:55:53Zoai:ucacris:123456789/4437instacron:UCAInstitucionalhttps://repositorio.uca.edu.ar/Universidad privadaNo correspondehttps://repositorio.uca.edu.ar/oaiclaudia_fernandez@uca.edu.arArgentinaNo correspondeNo correspondeNo correspondeopendoar:25852025-07-03 10:55:53.53Repositorio Institucional (UCA) - Pontificia Universidad Católica Argentinafalse |
dc.title.none.fl_str_mv |
Hospitalidade como desconstrução pela parusia segundo Jacques Derrida |
title |
Hospitalidade como desconstrução pela parusia segundo Jacques Derrida |
spellingShingle |
Hospitalidade como desconstrução pela parusia segundo Jacques Derrida Borges de Meneses, Ramiro Délio FILOSOFIA ALTERIDAD HOSPITALIDAD Derrida, Jacques, 1930-2004 |
title_short |
Hospitalidade como desconstrução pela parusia segundo Jacques Derrida |
title_full |
Hospitalidade como desconstrução pela parusia segundo Jacques Derrida |
title_fullStr |
Hospitalidade como desconstrução pela parusia segundo Jacques Derrida |
title_full_unstemmed |
Hospitalidade como desconstrução pela parusia segundo Jacques Derrida |
title_sort |
Hospitalidade como desconstrução pela parusia segundo Jacques Derrida |
dc.creator.none.fl_str_mv |
Borges de Meneses, Ramiro Délio |
author |
Borges de Meneses, Ramiro Délio |
author_facet |
Borges de Meneses, Ramiro Délio |
author_role |
author |
dc.subject.none.fl_str_mv |
FILOSOFIA ALTERIDAD HOSPITALIDAD Derrida, Jacques, 1930-2004 |
topic |
FILOSOFIA ALTERIDAD HOSPITALIDAD Derrida, Jacques, 1930-2004 |
dc.description.none.fl_txt_mv |
Fil: Borges de Meneses, Ramiro Délio. Universidade Católica Portuguesa; Portugal Introdução: A hospitalidade é uma «parusia» do Outro-estranho para com o anfitrião e vice-versa. Assim, a hospitalidade é quia venturus est do homo mendicans. A hospitalidade é eventum alteri, através de uma relação plesiológica. Quanto ao seu fundamento axiológico e fenomenológico reside numa «esplancnoplesiologia » entre um anfitrião e um estrangeiro. Na verdade, a hospitalidade é o «Zukunft» do Outro. A hospitalidade, segundo Derrida, será, em primeiro lugar, a exposição incondicional e incalculável ao que «acontece», à vinda do que vem, antes de «quoi» (que) ou «quiconque» (qualquer um). Logo, o «que quer que seja» é o acontecimento singular, surpreendente, excepcional, excessivo e inapropriável do que acontece. A este, Derrida chama «tout autre» (totalmente outro) ou «autre absolu » (outro absoluto), porque absolutamente único e separado do horizonte intencional e do tempo cronológico. Acolhê-lo seria acolher para lá da capacidade do «acolhimento», seria acolher mais do que é possível «acolher». Logo, a hospitalidade é um «Unterkunft» (acolhimento) do que «há-de vir» (adventum). É a «parusia» do Outro-estrangeiro, que entra na «minha casa» (chez moi). Na verdade, a hospitalidade incondicional ou o «acolhimento do absolutamente outro» é impossível, porque é impossível ter lugar num espaço-tempo determinado. Se o evento é, para Derrida, a vinda do absolutamente Outro, que chega ou acontece, então ele não pode ser senão impossível, o que quer dizer impossível de imaginar. Se a hospitalidade se refere à capacidade de acolher, no próprio lugar, o estranho e vulnerável, então o grande repto consiste em verificar a situação dos vulneráveis: como é o homo mendicans (homem pedinte). Ser hospitaleiro pressupõe, segundo Derrida, a capacidade de recepção ou do acolhimento do Outro. Assim, o conceito de hospitalidade não é estático, é, de preferência, um conceito dinâmico, que nos obriga a sair de nós próprios e das instituições, para poder estar atento à vulnerabilidade do estrangeiro. Derrida procura separar o conceito de pura hospitalidade do conceito de «convite». Se eu te espero e estou preparado para te receber, então implica que não existe surpresa, dado que tudo está em ordem. Segundo Derrida, a hospitalidade é uma desconstrução, que se revela como uma «parusia», enquanto que para Levinas a hospitalidade é uma ética. |
description |
Fil: Borges de Meneses, Ramiro Délio. Universidade Católica Portuguesa; Portugal |
publishDate |
2016 |
dc.date.none.fl_str_mv |
2016 |
dc.type.none.fl_str_mv |
info:eu-repo/semantics/article info:eu-repo/semantics/publishedVersion http://purl.org/coar/resource_type/c_6501 info:ar-repo/semantics/articulo |
format |
article |
status_str |
publishedVersion |
dc.identifier.none.fl_str_mv |
https://repositorio.uca.edu.ar/handle/123456789/4437 0036-4703 Borges de Meneses, R. D. Hospitalidade como desconstrução pela parusia segundo Jacques Derrida [en línea]. Sapientia. 2016, 72 (239). Disponible en: https://repositorio.uca.edu.ar/handle/123456789/4437 |
url |
https://repositorio.uca.edu.ar/handle/123456789/4437 |
identifier_str_mv |
0036-4703 Borges de Meneses, R. D. Hospitalidade como desconstrução pela parusia segundo Jacques Derrida [en línea]. Sapientia. 2016, 72 (239). Disponible en: https://repositorio.uca.edu.ar/handle/123456789/4437 |
dc.language.none.fl_str_mv |
por |
language |
por |
dc.rights.none.fl_str_mv |
info:eu-repo/semantics/openAccess https://creativecommons.org/licenses/by-nc-sa/4.0/ |
eu_rights_str_mv |
openAccess |
rights_invalid_str_mv |
https://creativecommons.org/licenses/by-nc-sa/4.0/ |
dc.format.none.fl_str_mv |
application/pdf |
dc.publisher.none.fl_str_mv |
Pontificia Universidad Católica Argentina. Facultad de Filosofía y Letras |
publisher.none.fl_str_mv |
Pontificia Universidad Católica Argentina. Facultad de Filosofía y Letras |
dc.source.none.fl_str_mv |
Sapientia, 72(239), 2016 reponame:Repositorio Institucional (UCA) instname:Pontificia Universidad Católica Argentina |
reponame_str |
Repositorio Institucional (UCA) |
collection |
Repositorio Institucional (UCA) |
instname_str |
Pontificia Universidad Católica Argentina |
repository.name.fl_str_mv |
Repositorio Institucional (UCA) - Pontificia Universidad Católica Argentina |
repository.mail.fl_str_mv |
claudia_fernandez@uca.edu.ar |
_version_ |
1836638336971702272 |
score |
13.13397 |