Rompendo paradigmas: experienciando a aula passeio na formação de pedagogas da Universidade Federal de Sergipe

Autores
Souto, Paulo Heimar; Santos, Polyana Lacerda; Silva, Viviane dos Reis
Año de publicación
2014
Idioma
portugués
Tipo de recurso
artículo
Estado
versión aceptada
Descripción
Vivências relativas às conexões entre teoria e prática são essenciais nos cursos de formação inicial de professores, tendo em vista que estruturas curriculares ainda apresentam dicotomias entre aspectos teóricos e práticos. Segundo estudos de Rocha (2002), para a efetivação da transposição didática dos conteúdos, além de dominar o conteúdo e a teoria que o organiza, é necessário que o discente tenha acesso a reflexões sistemáticas relativas ao processo de ensino-aprendizagem. Com o objetivo de contrapor práticas conservadoras distantes de propósitos para a construção de uma sociedade cidadã, novas experiências educativas são configuradas na busca de uma educação reflexiva e de qualidade. Pautado nesse desafio, o relato a seguir busca apresentar uma experiência desenvolvida em 2014 na disciplina Ensino de História nos anos Iniciais do Ensino Fundamental. A disciplina é ofertada no 6º período e integra o currículo do Curso de Licenciatura em Pedagogia da Universidade Federal de Sergipe, do Campus de São Cristóvão. Com carga horária de 60 horas, uma das proposições é possibilitar aos discentes recortes têmporo-espaciais de localidades sergipanas. A proposta está pautada na concepção de que refletir aspectos da História Local possibilita compreender o entorno do discente, identificando o pretérito sempre presente nos vários espaços de convivência: instituição escolar, residência, comunidade, trabalho e lazer (Bittencourt, 2004). Inserida na última unidade da disciplina, a experiência culminou na realização de uma “aula-passeio transformando-se em aula de descobertas” (Freinet, 1996), cujo destino final da atividade foi visitar a foz do Rio São Francisco, localizada na fronteira dos estados de Sergipe e Alagoas. A proposta em tela buscou romper com a rotina do cotidiano acadêmico e ir além dos pressupostos teóricos, sobretudo, valorizando as múltiplas relações possíveis estabelecidas diretamente com o meio. Além de subsídios teóricos voltados à ciência histórica, ao ensino nas séries iniciais e à História Local, prévios conteúdos relativos à interdisciplinaridade e ao desenvolvimento de atividades de campo, permearam os preparativos para a aula passeio. Todos os planos para a preparação da atividade de campo foram amplamente discutidos com as duas turmas que integraram a atividade: saúde, autonomia, financeiro, material e pedagógico (Sampaio, 1996). Com a participação de 62 (sessenta e duas) motivadas e curiosas acadêmicas, em um dia nublado de fevereiro de 2014, utilizando 02 (dois) ônibus da Universidade Federal de Sergipe e uma embarcação particular, foi realizada a aula passeio no Baixo São Francisco. Pontualmente às 07 horas, logo após a realização da chamada, foi entregue às alunas um roteiro prévio de atividades, cujo objetivo foi de orientar, ao longo de um percurso de 148 quilômetros até a chegada no município de Brejo Grande e, posteriormente, até a foz do Rio São Francisco, registros dos tempos de deslocamentos, toponímias, aspectos urbanos e rurais, hidrografias, relevos, vegetações, indústrias, aspectos arquitetônicos das residências, buscando relacionar com os referenciais discutidos previamente em vários encontros na sala de aula. Às 09h 30 ocorreu a chegada ao município de Brejo Grande. Daí, seguimos de barco até a foz do rio São Francisco, uma viagem de 50 minutos. Ao longo do trecho fluvial, o comandante da embarcação narrou várias histórias relativas ao rio e aspectos sociais e econômicos daquela localidade. O docente também fez uso da palavra para ressaltar a importância da observação de aspectos das diversas localidades. O retorno foi realizado margeando o Estado de Alagoas, até chegarmos à sede municipal de Piaçabuçu. Por volta das 13h 30 chegamos à cidade de Brejo Grande para o almoço. O retorno para Aracaju transcorreu dentro do previsto, chegando às 17h30 na capital sergipana. Após a culminância das atividades, os relatos escritos e verbais das discentes apresentaram características marcantes. O primeiro deles retratou registros relacionados às descobertas múltiplas, ampliando o campo de conhecimento e de experiências: a importância do rio São Francisco, aspectos cotidianos locais, diversidade dos meios de transportes, aspectos ecológicos, turismo, diversidades alimentares, toponímias, cultivos agrícolas e lazer, integraram a maior parte das narrativas. Outro aspecto importante constatado nos depoimentos das discentes foi a possibilidade “do encontro com o outro”. As trocas de informações e as relações estabelecidas ao longo da viagem possibilitaram aproximações significativas entre as acadêmicas, que em outros momentos não foram concretizados, apesar do convívio nos múltiplos ambientes da universidade. Mesmo com avanços tecnológicos e das contínuas reformas curriculares, ainda é desafiador romper a dicotomia entre a teoria e prática em vários locus do conhecimento. A proposição da aula descoberta teve como premissa possibilitar a amplitude do conhecimento acerca da História Local e de múltiplos aspectos interdisciplinares. À luz das observações das discentes, a experiência vivenciada na atividade de campo ocorrida na disciplina em tela, consolidou novos saberes relacionados às formas de abordagens de alguns conteúdos, e possibilitou momentos singulares guardados na memória por tempo indeterminado. A vivência concreta da teoria e da prática, a partir da História Local, nos dá subsídios para afirmar que é possível construir momentos em que os discentes entrecruzem histórias, tanto no presente como no passado, com ênfase em seus papéis sociais. Diante de tais considerações, fica explicito que a aula passeio aproxima encontros com a realidade, foge da comodidade presente nas salas de aulas, ultrapassa ensinamentos pautados somente nos livros, possibilitando novos saberes vinculados às localidades dos partícipes. Por fim, pressupomos que a realização concreta de novas experiências educativas para futuros docentes, em cursos de formação inicial, poderá a médio e longo prazo proporcionar múltiplos saberes que incidam em práticas educativas cidadãs, de qualidade e, com pressupostos pautados na construção de um mundo melhor (Freire, 2010).
Fil: Silva, Viviane dos Reis. Universidade Federal de Sergipe; Brasil
Materia
Educación
Formación de docentes
Historia local
Calidad de la educación
Universidad de Sergipe
San Cristobal
Brasil
Siglo XXI-primera mitad
Nivel de accesibilidad
acceso abierto
Condiciones de uso
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Repositorio
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Institución
Universidad Nacional del Centro de la Provincia de Buenos Aires
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Com o objetivo de contrapor práticas conservadoras distantes de propósitos para a construção de uma sociedade cidadã, novas experiências educativas são configuradas na busca de uma educação reflexiva e de qualidade. Pautado nesse desafio, o relato a seguir busca apresentar uma experiência desenvolvida em 2014 na disciplina Ensino de História nos anos Iniciais do Ensino Fundamental. A disciplina é ofertada no 6º período e integra o currículo do Curso de Licenciatura em Pedagogia da Universidade Federal de Sergipe, do Campus de São Cristóvão. Com carga horária de 60 horas, uma das proposições é possibilitar aos discentes recortes têmporo-espaciais de localidades sergipanas. A proposta está pautada na concepção de que refletir aspectos da História Local possibilita compreender o entorno do discente, identificando o pretérito sempre presente nos vários espaços de convivência: instituição escolar, residência, comunidade, trabalho e lazer (Bittencourt, 2004). Inserida na última unidade da disciplina, a experiência culminou na realização de uma “aula-passeio transformando-se em aula de descobertas” (Freinet, 1996), cujo destino final da atividade foi visitar a foz do Rio São Francisco, localizada na fronteira dos estados de Sergipe e Alagoas. A proposta em tela buscou romper com a rotina do cotidiano acadêmico e ir além dos pressupostos teóricos, sobretudo, valorizando as múltiplas relações possíveis estabelecidas diretamente com o meio. Além de subsídios teóricos voltados à ciência histórica, ao ensino nas séries iniciais e à História Local, prévios conteúdos relativos à interdisciplinaridade e ao desenvolvimento de atividades de campo, permearam os preparativos para a aula passeio. Todos os planos para a preparação da atividade de campo foram amplamente discutidos com as duas turmas que integraram a atividade: saúde, autonomia, financeiro, material e pedagógico (Sampaio, 1996). 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A disciplina é ofertada no 6º período e integra o currículo do Curso de Licenciatura em Pedagogia da Universidade Federal de Sergipe, do Campus de São Cristóvão. Com carga horária de 60 horas, uma das proposições é possibilitar aos discentes recortes têmporo-espaciais de localidades sergipanas. A proposta está pautada na concepção de que refletir aspectos da História Local possibilita compreender o entorno do discente, identificando o pretérito sempre presente nos vários espaços de convivência: instituição escolar, residência, comunidade, trabalho e lazer (Bittencourt, 2004). Inserida na última unidade da disciplina, a experiência culminou na realização de uma “aula-passeio transformando-se em aula de descobertas” (Freinet, 1996), cujo destino final da atividade foi visitar a foz do Rio São Francisco, localizada na fronteira dos estados de Sergipe e Alagoas. A proposta em tela buscou romper com a rotina do cotidiano acadêmico e ir além dos pressupostos teóricos, sobretudo, valorizando as múltiplas relações possíveis estabelecidas diretamente com o meio. Além de subsídios teóricos voltados à ciência histórica, ao ensino nas séries iniciais e à História Local, prévios conteúdos relativos à interdisciplinaridade e ao desenvolvimento de atividades de campo, permearam os preparativos para a aula passeio. Todos os planos para a preparação da atividade de campo foram amplamente discutidos com as duas turmas que integraram a atividade: saúde, autonomia, financeiro, material e pedagógico (Sampaio, 1996). Com a participação de 62 (sessenta e duas) motivadas e curiosas acadêmicas, em um dia nublado de fevereiro de 2014, utilizando 02 (dois) ônibus da Universidade Federal de Sergipe e uma embarcação particular, foi realizada a aula passeio no Baixo São Francisco. 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O retorno foi realizado margeando o Estado de Alagoas, até chegarmos à sede municipal de Piaçabuçu. Por volta das 13h 30 chegamos à cidade de Brejo Grande para o almoço. O retorno para Aracaju transcorreu dentro do previsto, chegando às 17h30 na capital sergipana. Após a culminância das atividades, os relatos escritos e verbais das discentes apresentaram características marcantes. O primeiro deles retratou registros relacionados às descobertas múltiplas, ampliando o campo de conhecimento e de experiências: a importância do rio São Francisco, aspectos cotidianos locais, diversidade dos meios de transportes, aspectos ecológicos, turismo, diversidades alimentares, toponímias, cultivos agrícolas e lazer, integraram a maior parte das narrativas. Outro aspecto importante constatado nos depoimentos das discentes foi a possibilidade “do encontro com o outro”. As trocas de informações e as relações estabelecidas ao longo da viagem possibilitaram aproximações significativas entre as acadêmicas, que em outros momentos não foram concretizados, apesar do convívio nos múltiplos ambientes da universidade. Mesmo com avanços tecnológicos e das contínuas reformas curriculares, ainda é desafiador romper a dicotomia entre a teoria e prática em vários locus do conhecimento. A proposição da aula descoberta teve como premissa possibilitar a amplitude do conhecimento acerca da História Local e de múltiplos aspectos interdisciplinares. À luz das observações das discentes, a experiência vivenciada na atividade de campo ocorrida na disciplina em tela, consolidou novos saberes relacionados às formas de abordagens de alguns conteúdos, e possibilitou momentos singulares guardados na memória por tempo indeterminado. A vivência concreta da teoria e da prática, a partir da História Local, nos dá subsídios para afirmar que é possível construir momentos em que os discentes entrecruzem histórias, tanto no presente como no passado, com ênfase em seus papéis sociais. Diante de tais considerações, fica explicito que a aula passeio aproxima encontros com a realidade, foge da comodidade presente nas salas de aulas, ultrapassa ensinamentos pautados somente nos livros, possibilitando novos saberes vinculados às localidades dos partícipes. Por fim, pressupomos que a realização concreta de novas experiências educativas para futuros docentes, em cursos de formação inicial, poderá a médio e longo prazo proporcionar múltiplos saberes que incidam em práticas educativas cidadãs, de qualidade e, com pressupostos pautados na construção de um mundo melhor (Freire, 2010).
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A disciplina é ofertada no 6º período e integra o currículo do Curso de Licenciatura em Pedagogia da Universidade Federal de Sergipe, do Campus de São Cristóvão. Com carga horária de 60 horas, uma das proposições é possibilitar aos discentes recortes têmporo-espaciais de localidades sergipanas. A proposta está pautada na concepção de que refletir aspectos da História Local possibilita compreender o entorno do discente, identificando o pretérito sempre presente nos vários espaços de convivência: instituição escolar, residência, comunidade, trabalho e lazer (Bittencourt, 2004). Inserida na última unidade da disciplina, a experiência culminou na realização de uma “aula-passeio transformando-se em aula de descobertas” (Freinet, 1996), cujo destino final da atividade foi visitar a foz do Rio São Francisco, localizada na fronteira dos estados de Sergipe e Alagoas. A proposta em tela buscou romper com a rotina do cotidiano acadêmico e ir além dos pressupostos teóricos, sobretudo, valorizando as múltiplas relações possíveis estabelecidas diretamente com o meio. Além de subsídios teóricos voltados à ciência histórica, ao ensino nas séries iniciais e à História Local, prévios conteúdos relativos à interdisciplinaridade e ao desenvolvimento de atividades de campo, permearam os preparativos para a aula passeio. Todos os planos para a preparação da atividade de campo foram amplamente discutidos com as duas turmas que integraram a atividade: saúde, autonomia, financeiro, material e pedagógico (Sampaio, 1996). Com a participação de 62 (sessenta e duas) motivadas e curiosas acadêmicas, em um dia nublado de fevereiro de 2014, utilizando 02 (dois) ônibus da Universidade Federal de Sergipe e uma embarcação particular, foi realizada a aula passeio no Baixo São Francisco. Pontualmente às 07 horas, logo após a realização da chamada, foi entregue às alunas um roteiro prévio de atividades, cujo objetivo foi de orientar, ao longo de um percurso de 148 quilômetros até a chegada no município de Brejo Grande e, posteriormente, até a foz do Rio São Francisco, registros dos tempos de deslocamentos, toponímias, aspectos urbanos e rurais, hidrografias, relevos, vegetações, indústrias, aspectos arquitetônicos das residências, buscando relacionar com os referenciais discutidos previamente em vários encontros na sala de aula. Às 09h 30 ocorreu a chegada ao município de Brejo Grande. Daí, seguimos de barco até a foz do rio São Francisco, uma viagem de 50 minutos. Ao longo do trecho fluvial, o comandante da embarcação narrou várias histórias relativas ao rio e aspectos sociais e econômicos daquela localidade. O docente também fez uso da palavra para ressaltar a importância da observação de aspectos das diversas localidades. 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