Desigualdades sociais, pobreza e educação: uma análise da ocupação do espaço público na condição de miserabilidade

Autores
Boneti, Lindomar W.; Almeida, Maria de Lourdes Pinto
Año de publicación
2014
Idioma
portugués
Tipo de recurso
artículo
Estado
versión aceptada
Descripción
A análise que se faz tem origem de dados recolhidos por uma pesquisa cujo projeto intitula-se “Estratégias sócio-educativas de apropriação do espaço público por famílias em condições de extrema pobreza no Brasil”. O tratamento dos dados e a análise dos mesmos obtiveram importante colaboração do grupo de pesquisadores do Departamento de Ciências da Educação da Universidade de Fribourg – Suiça, durante o período do estágio de pós-doutorado lá realizado, especialmente os professores Tânia Ogay, Jean-Luc Gurtner e Jaqueline Monbaron. O foco primeiro da análise que aqui se apresenta é a de trazer subsídios na elaboração e implementação de políticas educacionais, na medida em que busca compreender a dinâmica que envolve a presença da ação do Estado (através de políticas educacionais) em ambientes de extrema pobrezs e, ao mesmo tempo, a dinâmica da ação do indivíduo e/ou do coletivo (através das organizações de classe e organizações sociais) na apropriação da ação do Estado. Nos centros urbanos das cidades brasileiras é comum o convívio com grupos sociais em condições de extrema pobreza, como é o caso de moradores de rua e/ou pessoas pedindo ajuda ou exercendo atividades não formais para sobreviver. Este universo constitui uma tipicidade do modelo urbano brasileiro e portanto visto até mesmo como uma realidade “normal” não apenas pela população em geral que convive com estes ambientes e pelas instituições públicas responsáveis, mas até mesmo por pesquisadores vinculados à academia. Do ponto de vista da explicação teórica este universo social se mostra complexo. A princípio é preciso adotar a compreensão marxista no sentido de explicar este fenômeno como resultante das tipicidades do modo de produção capitalista de exploração de classe a partir do qual teve origem o modelo urbano brasileiro e o seu processo de expansão. Neste caso o foco da investigação foi ampliado para dois principais aspectos: o processo da construção da condição social de extrema pobreza e as estratégias de ocupação do espaço público no âmbito desta condição social. Como instrumento de coleta de dados utilizou-se a trajetória de vida, por meio de entrevistas abertas, com famílias em condições de extrema pobreza residentes em bairros periféricos da cidade de Curitiba – Pr. A investigação cujas informações neste texto foram discutidas suscitam atenção especial a algus aspectos importantes. Quando se trata de definir uma certa condição social, especialmente como se faz pelas instâncias burocráticas do Estado, pela mensuração, mostra-se ineficaz. O que esta pesquisa mostra é que condição de pobreza, independentemente de se constituir em extrema pobreza ou pobreza simplesmente, mesmo estabelecendo parâmetros bem definidos, envolve questões subjetivas, como é o caso da perda dos vínculos afetivos e/ou familiares. A perda destes vínculos não são detectados se não através de uma investigação utilizando um procedimento metodológico que vá além do da mensuração. Outro aspecto importante a ser considerado diz respeito ao acesso aos serviços públicos e aos bens socialmente construídos. Nos dias de hoje discute-se amplamente o direito dos indivíduos, como se o acesso à ação realizadas pelas administrações públicas se resumissem no direito. Não se pode pensar a ação do Estado simplesmente como uma ação de direito, como se a ação do Estado chegasse até o indivíduo de forma direta e automática, especialmente quando se trata de um grupo social fragilizado como o estudado. Na verdade, o acesso aos serviços públicos e bens socialmente construídos se constituem de uma construção social envolvendo um conjunto de relações, desde o grupo familiar e social às relações políticas. Enquanto que as classes dominantes estabelecem mecanismos de controle e de apropriação dos serviços públicos, utilizando até mesmo as barganhas políticas e as amarras que se estabelecem no contexto das relações de produção, os segmentos populares necessitam utilizar estratégias da construção de laços de solidariedade e associativas no sentido de se aproximar e usufrur dos serviços púlicos. No que se refere às estratégias sócio-educativas de apropriação do espaço público utilizadas pelas famílias em condições de pobreza, estas têm caráter diferente dependendo do grau de vulnerabilidade social que se encontra a família ou a pessoa. As pessoas que se encontram na condição de extrema pobreza apresentam a preocupação de trabalhar a reconstrução da identidade social a partir da construção de uma imagem de si, utilizando para isto a estratégia de se apresentar individualmente de conformidade aos parâmetros de homogeneidade típicos da sociedade burguesa. Por outro lado, as pessoas que se encontram na condição de pobreza simplesmente apresentam a preocupação pela reconstrução da identidade social a partir da construção da ação produtiva, utilizando para isto a estratégia de estabelecer vínculos com instituições e/ou com associações, ONGs ou instituições religiosas no sentido de prover auxílios para a construção ou reconstrução de atividades produtivas e/ou educativas. Por último, é imporante ressaltar o que leva a ser concluído com o estudo no que diz respeito à relação da escola com o grupo social em condições de pobreza. A escola, enquanto uma instituição, se apresenta como um elemento de dupla face no contexto da condição de pobreza, a partir de um jogo dialético entre o de se constituir vítima ou de produtora dos conflitos sociais e/ou da própria condição de pobreza.
Fil: Boneti, Lindomar W. Pontificia Universidade Católica do Paraná – Campus de Curitiba; Brasil
Fil: Almeida, Maria de Lourdes Pinto. Universidade do Planalto Catarinense. Universidade Estadual de Campinas; Brasil
Materia
Brasil
Pobreza
Política educativa
Conflictos sociales
Educación
Nivel de accesibilidad
acceso abierto
Condiciones de uso
http://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/2.5/ar/
Repositorio
RIDAA (UNICEN)
Institución
Universidad Nacional del Centro de la Provincia de Buenos Aires
OAI Identificador
oai:ridaa.unicen.edu.ar:123456789/170

id RIDUNICEN_35018f7b599bc7e4fab4a482e71c716b
oai_identifier_str oai:ridaa.unicen.edu.ar:123456789/170
network_acronym_str RIDUNICEN
repository_id_str a
network_name_str RIDAA (UNICEN)
spelling Desigualdades sociais, pobreza e educação: uma análise da ocupação do espaço público na condição de miserabilidadeBoneti, Lindomar W.Almeida, Maria de Lourdes PintoBrasilPobrezaPolítica educativaConflictos socialesEducaciónA análise que se faz tem origem de dados recolhidos por uma pesquisa cujo projeto intitula-se “Estratégias sócio-educativas de apropriação do espaço público por famílias em condições de extrema pobreza no Brasil”. O tratamento dos dados e a análise dos mesmos obtiveram importante colaboração do grupo de pesquisadores do Departamento de Ciências da Educação da Universidade de Fribourg – Suiça, durante o período do estágio de pós-doutorado lá realizado, especialmente os professores Tânia Ogay, Jean-Luc Gurtner e Jaqueline Monbaron. O foco primeiro da análise que aqui se apresenta é a de trazer subsídios na elaboração e implementação de políticas educacionais, na medida em que busca compreender a dinâmica que envolve a presença da ação do Estado (através de políticas educacionais) em ambientes de extrema pobrezs e, ao mesmo tempo, a dinâmica da ação do indivíduo e/ou do coletivo (através das organizações de classe e organizações sociais) na apropriação da ação do Estado. Nos centros urbanos das cidades brasileiras é comum o convívio com grupos sociais em condições de extrema pobreza, como é o caso de moradores de rua e/ou pessoas pedindo ajuda ou exercendo atividades não formais para sobreviver. Este universo constitui uma tipicidade do modelo urbano brasileiro e portanto visto até mesmo como uma realidade “normal” não apenas pela população em geral que convive com estes ambientes e pelas instituições públicas responsáveis, mas até mesmo por pesquisadores vinculados à academia. Do ponto de vista da explicação teórica este universo social se mostra complexo. A princípio é preciso adotar a compreensão marxista no sentido de explicar este fenômeno como resultante das tipicidades do modo de produção capitalista de exploração de classe a partir do qual teve origem o modelo urbano brasileiro e o seu processo de expansão. Neste caso o foco da investigação foi ampliado para dois principais aspectos: o processo da construção da condição social de extrema pobreza e as estratégias de ocupação do espaço público no âmbito desta condição social. Como instrumento de coleta de dados utilizou-se a trajetória de vida, por meio de entrevistas abertas, com famílias em condições de extrema pobreza residentes em bairros periféricos da cidade de Curitiba – Pr. A investigação cujas informações neste texto foram discutidas suscitam atenção especial a algus aspectos importantes. Quando se trata de definir uma certa condição social, especialmente como se faz pelas instâncias burocráticas do Estado, pela mensuração, mostra-se ineficaz. O que esta pesquisa mostra é que condição de pobreza, independentemente de se constituir em extrema pobreza ou pobreza simplesmente, mesmo estabelecendo parâmetros bem definidos, envolve questões subjetivas, como é o caso da perda dos vínculos afetivos e/ou familiares. A perda destes vínculos não são detectados se não através de uma investigação utilizando um procedimento metodológico que vá além do da mensuração. Outro aspecto importante a ser considerado diz respeito ao acesso aos serviços públicos e aos bens socialmente construídos. Nos dias de hoje discute-se amplamente o direito dos indivíduos, como se o acesso à ação realizadas pelas administrações públicas se resumissem no direito. Não se pode pensar a ação do Estado simplesmente como uma ação de direito, como se a ação do Estado chegasse até o indivíduo de forma direta e automática, especialmente quando se trata de um grupo social fragilizado como o estudado. Na verdade, o acesso aos serviços públicos e bens socialmente construídos se constituem de uma construção social envolvendo um conjunto de relações, desde o grupo familiar e social às relações políticas. Enquanto que as classes dominantes estabelecem mecanismos de controle e de apropriação dos serviços públicos, utilizando até mesmo as barganhas políticas e as amarras que se estabelecem no contexto das relações de produção, os segmentos populares necessitam utilizar estratégias da construção de laços de solidariedade e associativas no sentido de se aproximar e usufrur dos serviços púlicos. No que se refere às estratégias sócio-educativas de apropriação do espaço público utilizadas pelas famílias em condições de pobreza, estas têm caráter diferente dependendo do grau de vulnerabilidade social que se encontra a família ou a pessoa. As pessoas que se encontram na condição de extrema pobreza apresentam a preocupação de trabalhar a reconstrução da identidade social a partir da construção de uma imagem de si, utilizando para isto a estratégia de se apresentar individualmente de conformidade aos parâmetros de homogeneidade típicos da sociedade burguesa. Por outro lado, as pessoas que se encontram na condição de pobreza simplesmente apresentam a preocupação pela reconstrução da identidade social a partir da construção da ação produtiva, utilizando para isto a estratégia de estabelecer vínculos com instituições e/ou com associações, ONGs ou instituições religiosas no sentido de prover auxílios para a construção ou reconstrução de atividades produtivas e/ou educativas. Por último, é imporante ressaltar o que leva a ser concluído com o estudo no que diz respeito à relação da escola com o grupo social em condições de pobreza. A escola, enquanto uma instituição, se apresenta como um elemento de dupla face no contexto da condição de pobreza, a partir de um jogo dialético entre o de se constituir vítima ou de produtora dos conflitos sociais e/ou da própria condição de pobreza.Fil: Boneti, Lindomar W. Pontificia Universidade Católica do Paraná – Campus de Curitiba; BrasilFil: Almeida, Maria de Lourdes Pinto. Universidade do Planalto Catarinense. Universidade Estadual de Campinas; BrasilUniversidad Nacional del Centro de la Provincia de Buenos Aires. Facultad de Ciencias Humanas. Núcleo de Estudios Educacionales y Sociales (NEES)2014-102015-12-15T12:51:31Z2015-12-15T12:51:31Zinfo:eu-repo/semantics/articleinfo:eu-repo/semantics/acceptedVersionhttp://purl.org/coar/resource_type/c_6501info:ar-repo/semantics/articuloapplication/pdfapplication/pdfhttp://www.ridaa.unicen.edu.ar/xmlui/handle/123456789/170https://www.ridaa.unicen.edu.ar/handle/123456789/170por978-950-658-358-3http://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/2.5/ar/info:eu-repo/semantics/openAccessreponame:RIDAA (UNICEN)instname:Universidad Nacional del Centro de la Provincia de Buenos Aires2025-09-29T13:41:28Zoai:ridaa.unicen.edu.ar:123456789/170instacron:UNICENInstitucionalhttps://www.ridaa.unicen.edu.ar/Universidad públicaNo correspondehttps://www.ridaa.unicen.edu.ar/oailleiboff@rec.unicen.edu.ar;gimeroni@rec.unicen.edu.ar;lvarela@rec.unicen.edu.ar ;ArgentinaNo correspondeNo correspondeNo correspondeopendoar:a2025-09-29 13:41:28.514RIDAA (UNICEN) - Universidad Nacional del Centro de la Provincia de Buenos Airesfalse
dc.title.none.fl_str_mv Desigualdades sociais, pobreza e educação: uma análise da ocupação do espaço público na condição de miserabilidade
title Desigualdades sociais, pobreza e educação: uma análise da ocupação do espaço público na condição de miserabilidade
spellingShingle Desigualdades sociais, pobreza e educação: uma análise da ocupação do espaço público na condição de miserabilidade
Boneti, Lindomar W.
Brasil
Pobreza
Política educativa
Conflictos sociales
Educación
title_short Desigualdades sociais, pobreza e educação: uma análise da ocupação do espaço público na condição de miserabilidade
title_full Desigualdades sociais, pobreza e educação: uma análise da ocupação do espaço público na condição de miserabilidade
title_fullStr Desigualdades sociais, pobreza e educação: uma análise da ocupação do espaço público na condição de miserabilidade
title_full_unstemmed Desigualdades sociais, pobreza e educação: uma análise da ocupação do espaço público na condição de miserabilidade
title_sort Desigualdades sociais, pobreza e educação: uma análise da ocupação do espaço público na condição de miserabilidade
dc.creator.none.fl_str_mv Boneti, Lindomar W.
Almeida, Maria de Lourdes Pinto
author Boneti, Lindomar W.
author_facet Boneti, Lindomar W.
Almeida, Maria de Lourdes Pinto
author_role author
author2 Almeida, Maria de Lourdes Pinto
author2_role author
dc.subject.none.fl_str_mv Brasil
Pobreza
Política educativa
Conflictos sociales
Educación
topic Brasil
Pobreza
Política educativa
Conflictos sociales
Educación
dc.description.none.fl_txt_mv A análise que se faz tem origem de dados recolhidos por uma pesquisa cujo projeto intitula-se “Estratégias sócio-educativas de apropriação do espaço público por famílias em condições de extrema pobreza no Brasil”. O tratamento dos dados e a análise dos mesmos obtiveram importante colaboração do grupo de pesquisadores do Departamento de Ciências da Educação da Universidade de Fribourg – Suiça, durante o período do estágio de pós-doutorado lá realizado, especialmente os professores Tânia Ogay, Jean-Luc Gurtner e Jaqueline Monbaron. O foco primeiro da análise que aqui se apresenta é a de trazer subsídios na elaboração e implementação de políticas educacionais, na medida em que busca compreender a dinâmica que envolve a presença da ação do Estado (através de políticas educacionais) em ambientes de extrema pobrezs e, ao mesmo tempo, a dinâmica da ação do indivíduo e/ou do coletivo (através das organizações de classe e organizações sociais) na apropriação da ação do Estado. Nos centros urbanos das cidades brasileiras é comum o convívio com grupos sociais em condições de extrema pobreza, como é o caso de moradores de rua e/ou pessoas pedindo ajuda ou exercendo atividades não formais para sobreviver. Este universo constitui uma tipicidade do modelo urbano brasileiro e portanto visto até mesmo como uma realidade “normal” não apenas pela população em geral que convive com estes ambientes e pelas instituições públicas responsáveis, mas até mesmo por pesquisadores vinculados à academia. Do ponto de vista da explicação teórica este universo social se mostra complexo. A princípio é preciso adotar a compreensão marxista no sentido de explicar este fenômeno como resultante das tipicidades do modo de produção capitalista de exploração de classe a partir do qual teve origem o modelo urbano brasileiro e o seu processo de expansão. Neste caso o foco da investigação foi ampliado para dois principais aspectos: o processo da construção da condição social de extrema pobreza e as estratégias de ocupação do espaço público no âmbito desta condição social. Como instrumento de coleta de dados utilizou-se a trajetória de vida, por meio de entrevistas abertas, com famílias em condições de extrema pobreza residentes em bairros periféricos da cidade de Curitiba – Pr. A investigação cujas informações neste texto foram discutidas suscitam atenção especial a algus aspectos importantes. Quando se trata de definir uma certa condição social, especialmente como se faz pelas instâncias burocráticas do Estado, pela mensuração, mostra-se ineficaz. O que esta pesquisa mostra é que condição de pobreza, independentemente de se constituir em extrema pobreza ou pobreza simplesmente, mesmo estabelecendo parâmetros bem definidos, envolve questões subjetivas, como é o caso da perda dos vínculos afetivos e/ou familiares. A perda destes vínculos não são detectados se não através de uma investigação utilizando um procedimento metodológico que vá além do da mensuração. Outro aspecto importante a ser considerado diz respeito ao acesso aos serviços públicos e aos bens socialmente construídos. Nos dias de hoje discute-se amplamente o direito dos indivíduos, como se o acesso à ação realizadas pelas administrações públicas se resumissem no direito. Não se pode pensar a ação do Estado simplesmente como uma ação de direito, como se a ação do Estado chegasse até o indivíduo de forma direta e automática, especialmente quando se trata de um grupo social fragilizado como o estudado. Na verdade, o acesso aos serviços públicos e bens socialmente construídos se constituem de uma construção social envolvendo um conjunto de relações, desde o grupo familiar e social às relações políticas. Enquanto que as classes dominantes estabelecem mecanismos de controle e de apropriação dos serviços públicos, utilizando até mesmo as barganhas políticas e as amarras que se estabelecem no contexto das relações de produção, os segmentos populares necessitam utilizar estratégias da construção de laços de solidariedade e associativas no sentido de se aproximar e usufrur dos serviços púlicos. No que se refere às estratégias sócio-educativas de apropriação do espaço público utilizadas pelas famílias em condições de pobreza, estas têm caráter diferente dependendo do grau de vulnerabilidade social que se encontra a família ou a pessoa. As pessoas que se encontram na condição de extrema pobreza apresentam a preocupação de trabalhar a reconstrução da identidade social a partir da construção de uma imagem de si, utilizando para isto a estratégia de se apresentar individualmente de conformidade aos parâmetros de homogeneidade típicos da sociedade burguesa. Por outro lado, as pessoas que se encontram na condição de pobreza simplesmente apresentam a preocupação pela reconstrução da identidade social a partir da construção da ação produtiva, utilizando para isto a estratégia de estabelecer vínculos com instituições e/ou com associações, ONGs ou instituições religiosas no sentido de prover auxílios para a construção ou reconstrução de atividades produtivas e/ou educativas. Por último, é imporante ressaltar o que leva a ser concluído com o estudo no que diz respeito à relação da escola com o grupo social em condições de pobreza. A escola, enquanto uma instituição, se apresenta como um elemento de dupla face no contexto da condição de pobreza, a partir de um jogo dialético entre o de se constituir vítima ou de produtora dos conflitos sociais e/ou da própria condição de pobreza.
Fil: Boneti, Lindomar W. Pontificia Universidade Católica do Paraná – Campus de Curitiba; Brasil
Fil: Almeida, Maria de Lourdes Pinto. Universidade do Planalto Catarinense. Universidade Estadual de Campinas; Brasil
description A análise que se faz tem origem de dados recolhidos por uma pesquisa cujo projeto intitula-se “Estratégias sócio-educativas de apropriação do espaço público por famílias em condições de extrema pobreza no Brasil”. O tratamento dos dados e a análise dos mesmos obtiveram importante colaboração do grupo de pesquisadores do Departamento de Ciências da Educação da Universidade de Fribourg – Suiça, durante o período do estágio de pós-doutorado lá realizado, especialmente os professores Tânia Ogay, Jean-Luc Gurtner e Jaqueline Monbaron. O foco primeiro da análise que aqui se apresenta é a de trazer subsídios na elaboração e implementação de políticas educacionais, na medida em que busca compreender a dinâmica que envolve a presença da ação do Estado (através de políticas educacionais) em ambientes de extrema pobrezs e, ao mesmo tempo, a dinâmica da ação do indivíduo e/ou do coletivo (através das organizações de classe e organizações sociais) na apropriação da ação do Estado. Nos centros urbanos das cidades brasileiras é comum o convívio com grupos sociais em condições de extrema pobreza, como é o caso de moradores de rua e/ou pessoas pedindo ajuda ou exercendo atividades não formais para sobreviver. Este universo constitui uma tipicidade do modelo urbano brasileiro e portanto visto até mesmo como uma realidade “normal” não apenas pela população em geral que convive com estes ambientes e pelas instituições públicas responsáveis, mas até mesmo por pesquisadores vinculados à academia. Do ponto de vista da explicação teórica este universo social se mostra complexo. A princípio é preciso adotar a compreensão marxista no sentido de explicar este fenômeno como resultante das tipicidades do modo de produção capitalista de exploração de classe a partir do qual teve origem o modelo urbano brasileiro e o seu processo de expansão. Neste caso o foco da investigação foi ampliado para dois principais aspectos: o processo da construção da condição social de extrema pobreza e as estratégias de ocupação do espaço público no âmbito desta condição social. Como instrumento de coleta de dados utilizou-se a trajetória de vida, por meio de entrevistas abertas, com famílias em condições de extrema pobreza residentes em bairros periféricos da cidade de Curitiba – Pr. A investigação cujas informações neste texto foram discutidas suscitam atenção especial a algus aspectos importantes. Quando se trata de definir uma certa condição social, especialmente como se faz pelas instâncias burocráticas do Estado, pela mensuração, mostra-se ineficaz. O que esta pesquisa mostra é que condição de pobreza, independentemente de se constituir em extrema pobreza ou pobreza simplesmente, mesmo estabelecendo parâmetros bem definidos, envolve questões subjetivas, como é o caso da perda dos vínculos afetivos e/ou familiares. A perda destes vínculos não são detectados se não através de uma investigação utilizando um procedimento metodológico que vá além do da mensuração. Outro aspecto importante a ser considerado diz respeito ao acesso aos serviços públicos e aos bens socialmente construídos. Nos dias de hoje discute-se amplamente o direito dos indivíduos, como se o acesso à ação realizadas pelas administrações públicas se resumissem no direito. Não se pode pensar a ação do Estado simplesmente como uma ação de direito, como se a ação do Estado chegasse até o indivíduo de forma direta e automática, especialmente quando se trata de um grupo social fragilizado como o estudado. Na verdade, o acesso aos serviços públicos e bens socialmente construídos se constituem de uma construção social envolvendo um conjunto de relações, desde o grupo familiar e social às relações políticas. Enquanto que as classes dominantes estabelecem mecanismos de controle e de apropriação dos serviços públicos, utilizando até mesmo as barganhas políticas e as amarras que se estabelecem no contexto das relações de produção, os segmentos populares necessitam utilizar estratégias da construção de laços de solidariedade e associativas no sentido de se aproximar e usufrur dos serviços púlicos. No que se refere às estratégias sócio-educativas de apropriação do espaço público utilizadas pelas famílias em condições de pobreza, estas têm caráter diferente dependendo do grau de vulnerabilidade social que se encontra a família ou a pessoa. As pessoas que se encontram na condição de extrema pobreza apresentam a preocupação de trabalhar a reconstrução da identidade social a partir da construção de uma imagem de si, utilizando para isto a estratégia de se apresentar individualmente de conformidade aos parâmetros de homogeneidade típicos da sociedade burguesa. Por outro lado, as pessoas que se encontram na condição de pobreza simplesmente apresentam a preocupação pela reconstrução da identidade social a partir da construção da ação produtiva, utilizando para isto a estratégia de estabelecer vínculos com instituições e/ou com associações, ONGs ou instituições religiosas no sentido de prover auxílios para a construção ou reconstrução de atividades produtivas e/ou educativas. Por último, é imporante ressaltar o que leva a ser concluído com o estudo no que diz respeito à relação da escola com o grupo social em condições de pobreza. A escola, enquanto uma instituição, se apresenta como um elemento de dupla face no contexto da condição de pobreza, a partir de um jogo dialético entre o de se constituir vítima ou de produtora dos conflitos sociais e/ou da própria condição de pobreza.
publishDate 2014
dc.date.none.fl_str_mv 2014-10
2015-12-15T12:51:31Z
2015-12-15T12:51:31Z
dc.type.none.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/article
info:eu-repo/semantics/acceptedVersion
http://purl.org/coar/resource_type/c_6501
info:ar-repo/semantics/articulo
format article
status_str acceptedVersion
dc.identifier.none.fl_str_mv http://www.ridaa.unicen.edu.ar/xmlui/handle/123456789/170
https://www.ridaa.unicen.edu.ar/handle/123456789/170
url http://www.ridaa.unicen.edu.ar/xmlui/handle/123456789/170
https://www.ridaa.unicen.edu.ar/handle/123456789/170
dc.language.none.fl_str_mv por
language por
dc.relation.none.fl_str_mv 978-950-658-358-3
dc.rights.none.fl_str_mv http://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/2.5/ar/
info:eu-repo/semantics/openAccess
rights_invalid_str_mv http://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/2.5/ar/
eu_rights_str_mv openAccess
dc.format.none.fl_str_mv application/pdf
application/pdf
dc.publisher.none.fl_str_mv Universidad Nacional del Centro de la Provincia de Buenos Aires. Facultad de Ciencias Humanas. Núcleo de Estudios Educacionales y Sociales (NEES)
publisher.none.fl_str_mv Universidad Nacional del Centro de la Provincia de Buenos Aires. Facultad de Ciencias Humanas. Núcleo de Estudios Educacionales y Sociales (NEES)
dc.source.none.fl_str_mv reponame:RIDAA (UNICEN)
instname:Universidad Nacional del Centro de la Provincia de Buenos Aires
reponame_str RIDAA (UNICEN)
collection RIDAA (UNICEN)
instname_str Universidad Nacional del Centro de la Provincia de Buenos Aires
repository.name.fl_str_mv RIDAA (UNICEN) - Universidad Nacional del Centro de la Provincia de Buenos Aires
repository.mail.fl_str_mv lleiboff@rec.unicen.edu.ar;gimeroni@rec.unicen.edu.ar;lvarela@rec.unicen.edu.ar ;
_version_ 1844619035574009856
score 12.559606