Negócios, política e sexo: a revista Playboy do Brasil 1975-80
- Autores
- Giordano, Veronica
- Año de publicación
- 2012
- Idioma
- portugués
- Tipo de recurso
- artículo
- Estado
- versión publicada
- Descripción
- Em 2010, foi publicado Pornotopía. Arquitectura y Sexualidad en “Playboy” Durante la Guerra Fría, da filósofa espanhola Beatriz Preciado, um livro estimulante que oferece uma leitura da “definição arquitetônico-midiática da pornografia, da domesticidade e do espaço público” condensada na marca Playboy. Nele, a autora detecta a emergência de um novo discurso sobre o gênero (e o sexo e a sexualidade) no contexto da Guerra Fria e aponta, especialmente, a emergência de novos códigos de representação da masculinidade: a Playboy coloca em questão a ordem espacial, provocando uma “revolução” do espaço doméstico, que aparece colonizado pelos homens através do protótipo do playboy de roupão de seda e pantufas em seu quarto de solteiro. Assim, segundo afirma a autora, a “pornotopia” emerge como uma contranarrativa do modelo de família nuclear, unidade de produção e consumo das sociedades modernas. Este artigo se coloca em uma perspectiva similar à apontada acima, indagando, neste caso, sobre alguns dos temas que a revista Playboy do Brasil pôs em circulação no período 1975-80. Em particular, mostra como a revista deu conta de temas de atualidade política nacional, levando-os ao plano das relações entre homens e mulheres, em especial com referência ao sexo. Assim, a revista une de maneira inovadora a domesticidade e o espaço público, colocando o sexo como elo vinculante. Ela não só coloca em discussão – e, por que não, em questão – o modelo de família nuclear, como também, colocando em primeiro plano o doméstico (mas unido com o público), o apresenta como uma válvula de escape para o enclausuramento da política de mocrática. É que a Playboy do Brasil surgiu em 1975, no contexto do regime autoritário. Seu surgimento na cena midiática é parte de um processo de modernização que remonta aos anos 50 (e atravessa os radicalizados anos 60), tal como mostra Preciado em seu Pornotopía. Nesse sentido, a Playboy Brasil fez questionamentos aos modelos de domesticidade, mas isso não constituiu um fenômeno novo. O elemento novo, se se quiser, é que introduziu visões do sexo e da sexualidade de rupturas no âmbito de um regime autoritário que se assentou sobre – e promoveu – visões conservadoras e que praticou o terrorismo de Estado contra a “subversão” da ordem2 . Por último, cabe dizer que o presente artigo explora o caso da Playboy do Brasil, mas é parte de uma pesquisa sociológico-histórica de mais fôlego sobre a relação sexo(s), política e ditadura no Brasil e na Argentina, casos que se comparam a partir de alguns empreendimentos culturais dos anos 70.
Fil: Giordano, Veronica. Consejo Nacional de Investigaciones Científicas y Técnicas; Argentina. Universidad de Buenos Aires; Argentina - Materia
-
DICTADURA
BRASIL
GENERO - Nivel de accesibilidad
- acceso abierto
- Condiciones de uso
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Em 2010, foi publicado Pornotopía. Arquitectura y Sexualidad en “Playboy” Durante la Guerra Fría, da filósofa espanhola Beatriz Preciado, um livro estimulante que oferece uma leitura da “definição arquitetônico-midiática da pornografia, da domesticidade e do espaço público” condensada na marca Playboy. Nele, a autora detecta a emergência de um novo discurso sobre o gênero (e o sexo e a sexualidade) no contexto da Guerra Fria e aponta, especialmente, a emergência de novos códigos de representação da masculinidade: a Playboy coloca em questão a ordem espacial, provocando uma “revolução” do espaço doméstico, que aparece colonizado pelos homens através do protótipo do playboy de roupão de seda e pantufas em seu quarto de solteiro. Assim, segundo afirma a autora, a “pornotopia” emerge como uma contranarrativa do modelo de família nuclear, unidade de produção e consumo das sociedades modernas. Este artigo se coloca em uma perspectiva similar à apontada acima, indagando, neste caso, sobre alguns dos temas que a revista Playboy do Brasil pôs em circulação no período 1975-80. Em particular, mostra como a revista deu conta de temas de atualidade política nacional, levando-os ao plano das relações entre homens e mulheres, em especial com referência ao sexo. Assim, a revista une de maneira inovadora a domesticidade e o espaço público, colocando o sexo como elo vinculante. Ela não só coloca em discussão – e, por que não, em questão – o modelo de família nuclear, como também, colocando em primeiro plano o doméstico (mas unido com o público), o apresenta como uma válvula de escape para o enclausuramento da política de mocrática. É que a Playboy do Brasil surgiu em 1975, no contexto do regime autoritário. Seu surgimento na cena midiática é parte de um processo de modernização que remonta aos anos 50 (e atravessa os radicalizados anos 60), tal como mostra Preciado em seu Pornotopía. Nesse sentido, a Playboy Brasil fez questionamentos aos modelos de domesticidade, mas isso não constituiu um fenômeno novo. O elemento novo, se se quiser, é que introduziu visões do sexo e da sexualidade de rupturas no âmbito de um regime autoritário que se assentou sobre – e promoveu – visões conservadoras e que praticou o terrorismo de Estado contra a “subversão” da ordem2 . Por último, cabe dizer que o presente artigo explora o caso da Playboy do Brasil, mas é parte de uma pesquisa sociológico-histórica de mais fôlego sobre a relação sexo(s), política e ditadura no Brasil e na Argentina, casos que se comparam a partir de alguns empreendimentos culturais dos anos 70. |
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