O corpo das mulheres tem história

Autores
Colling, Ana María
Año de publicación
2011
Idioma
portugués
Tipo de recurso
documento de conferencia
Estado
versión publicada
Descripción
Os corpos são pura linguagem e poder. Muito pouco de natureza existe neles. Práticas discursivas e práticas não discursivas construíram nossos corpos; discursos históricos carregados de poder, ditaram como deveria ser um ho mem e consequentemente, como deveria ser uma mulher. Este texto tenta demonstrar que cultura ou que discurso atemporal construiu a mulher. Como o corpo da mulher, foi pensado e como foi inventada a “natureza feminina”. Platão nomeia a “natureza feminina”, responsabilizando a matriz (útero) pelas doenças femininas. Hipócrates, seguindo Platão, teoriza a “sufocação uterina” relacionando o fraco com o feminino e o forte com o masculino, hierarquizando os sexos desde a geração. Platão e Hipócrates unem-se na concepção da mulher encarada como matriz; a semente, a produção, é exclusiva do masculino. Aristóteles, talvez o mais influente filósofo grego, elabora um modelo explicativo sobre a geração, a determinação do sexo e a existência das monstruosidades em duas obras: A Geração dos Animais e As partes dos animais, designando ao feminino, inferioridade em todos os planos. O tamanho do cérebro, conceito utilizado durante muito tempo para caracterizar a mulher como um ser inferior, aparece pela primeira vez em Aristóteles. Segundo o filósofo, a mulher é um defeito, doente por natureza. Aristóteles é o primeiro pensador a transformar a diferença sexual em desigualdade, demonstrando que corpo é produto de momentos específicos, históricos e culturais, enfim, um trabalho de arte. A aliança do pensamento filosófico grego com outros discursos, especialmente o religioso, foi fundamental para definir a moral sexual ocidental. A final, o que tem de natureza em nosso corpo? A natureza que sempre no mearam em nosso corpo e em nossa subjetividade é natural ou uma construção social, política e cultural? Quando se designa uma “natureza feminina”, retira-se o caráter de construção do discurso que imputa à mulher, funções, papéis e comportamentos e, ao mesmo tempo, a transforma em mera espectadora de uma situação que parece imutável. A filosofia em sua perene preocupação com o sentido da vida, das relações entre os seres, foi também o discurso que se preocupou com o sexo. Esta preocupação em classificar a diferença sexual em relação a outros tipos de diferenças acabou por transformar em certeza científica a inferioridade feminina. F ilosofia e M edicina estavam ligadas a uma arte de viver, que era simultaneamente médica e ética.
Eje 11: Cuerpos, disciplinamiento y normatividad
Facultad de Humanidades y Ciencias de la Educación
Fuente
Memoria académica
Materia
Ciencias Sociales
Corpo
Mulheres
História
Nivel de accesibilidad
acceso abierto
Condiciones de uso
http://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/2.5/ar/
Repositorio
SEDICI (UNLP)
Institución
Universidad Nacional de La Plata
OAI Identificador
oai:sedici.unlp.edu.ar:10915/114867

id SEDICI_4c3f8b0f2e45d51f26277d05b239607b
oai_identifier_str oai:sedici.unlp.edu.ar:10915/114867
network_acronym_str SEDICI
repository_id_str 1329
network_name_str SEDICI (UNLP)
spelling O corpo das mulheres tem históriaColling, Ana MaríaCiencias SocialesCorpoMulheresHistóriaOs corpos são pura linguagem e poder. Muito pouco de natureza existe neles. Práticas discursivas e práticas não discursivas construíram nossos corpos; discursos históricos carregados de poder, ditaram como deveria ser um ho mem e consequentemente, como deveria ser uma mulher. Este texto tenta demonstrar que cultura ou que discurso atemporal construiu a mulher. Como o corpo da mulher, foi pensado e como foi inventada a “natureza feminina”. Platão nomeia a “natureza feminina”, responsabilizando a matriz (útero) pelas doenças femininas. Hipócrates, seguindo Platão, teoriza a “sufocação uterina” relacionando o fraco com o feminino e o forte com o masculino, hierarquizando os sexos desde a geração. Platão e Hipócrates unem-se na concepção da mulher encarada como matriz; a semente, a produção, é exclusiva do masculino. Aristóteles, talvez o mais influente filósofo grego, elabora um modelo explicativo sobre a geração, a determinação do sexo e a existência das monstruosidades em duas obras: A Geração dos Animais e As partes dos animais, designando ao feminino, inferioridade em todos os planos. O tamanho do cérebro, conceito utilizado durante muito tempo para caracterizar a mulher como um ser inferior, aparece pela primeira vez em Aristóteles. Segundo o filósofo, a mulher é um defeito, doente por natureza. Aristóteles é o primeiro pensador a transformar a diferença sexual em desigualdade, demonstrando que corpo é produto de momentos específicos, históricos e culturais, enfim, um trabalho de arte. A aliança do pensamento filosófico grego com outros discursos, especialmente o religioso, foi fundamental para definir a moral sexual ocidental. A final, o que tem de natureza em nosso corpo? A natureza que sempre no mearam em nosso corpo e em nossa subjetividade é natural ou uma construção social, política e cultural? Quando se designa uma “natureza feminina”, retira-se o caráter de construção do discurso que imputa à mulher, funções, papéis e comportamentos e, ao mesmo tempo, a transforma em mera espectadora de uma situação que parece imutável. A filosofia em sua perene preocupação com o sentido da vida, das relações entre os seres, foi também o discurso que se preocupou com o sexo. Esta preocupação em classificar a diferença sexual em relação a outros tipos de diferenças acabou por transformar em certeza científica a inferioridade feminina. F ilosofia e M edicina estavam ligadas a uma arte de viver, que era simultaneamente médica e ética.Eje 11: Cuerpos, disciplinamiento y normatividadFacultad de Humanidades y Ciencias de la Educación2011-09info:eu-repo/semantics/conferenceObjectinfo:eu-repo/semantics/publishedVersionObjeto de conferenciahttp://purl.org/coar/resource_type/c_5794info:ar-repo/semantics/documentoDeConferenciaapplication/pdfhttp://sedici.unlp.edu.ar/handle/10915/114867<a href="http://www.memoria.fahce.unlp.edu.ar" target="_blank">Memoria académica</a>reponame:SEDICI (UNLP)instname:Universidad Nacional de La Platainstacron:UNLPinfo:eu-repo/semantics/altIdentifier/url/http://www.memoria.fahce.unlp.edu.ar/trab_eventos/ev.4948/ev.4948.pdfinfo:eu-repo/semantics/altIdentifier/issn/2250-5695info:eu-repo/semantics/openAccesshttp://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/2.5/ar/Creative Commons Attribution-NonCommercial-NoDerivs 2.5 Argentina (CC BY-NC-ND 2.5)por2025-10-15T11:17:50Zoai:sedici.unlp.edu.ar:10915/114867Institucionalhttp://sedici.unlp.edu.ar/Universidad públicaNo correspondehttp://sedici.unlp.edu.ar/oai/snrdalira@sedici.unlp.edu.arArgentinaNo correspondeNo correspondeNo correspondeopendoar:13292025-10-15 11:17:50.42SEDICI (UNLP) - Universidad Nacional de La Platafalse
dc.title.none.fl_str_mv O corpo das mulheres tem história
title O corpo das mulheres tem história
spellingShingle O corpo das mulheres tem história
Colling, Ana María
Ciencias Sociales
Corpo
Mulheres
História
title_short O corpo das mulheres tem história
title_full O corpo das mulheres tem história
title_fullStr O corpo das mulheres tem história
title_full_unstemmed O corpo das mulheres tem história
title_sort O corpo das mulheres tem história
dc.creator.none.fl_str_mv Colling, Ana María
author Colling, Ana María
author_facet Colling, Ana María
author_role author
dc.subject.none.fl_str_mv Ciencias Sociales
Corpo
Mulheres
História
topic Ciencias Sociales
Corpo
Mulheres
História
dc.description.none.fl_txt_mv Os corpos são pura linguagem e poder. Muito pouco de natureza existe neles. Práticas discursivas e práticas não discursivas construíram nossos corpos; discursos históricos carregados de poder, ditaram como deveria ser um ho mem e consequentemente, como deveria ser uma mulher. Este texto tenta demonstrar que cultura ou que discurso atemporal construiu a mulher. Como o corpo da mulher, foi pensado e como foi inventada a “natureza feminina”. Platão nomeia a “natureza feminina”, responsabilizando a matriz (útero) pelas doenças femininas. Hipócrates, seguindo Platão, teoriza a “sufocação uterina” relacionando o fraco com o feminino e o forte com o masculino, hierarquizando os sexos desde a geração. Platão e Hipócrates unem-se na concepção da mulher encarada como matriz; a semente, a produção, é exclusiva do masculino. Aristóteles, talvez o mais influente filósofo grego, elabora um modelo explicativo sobre a geração, a determinação do sexo e a existência das monstruosidades em duas obras: A Geração dos Animais e As partes dos animais, designando ao feminino, inferioridade em todos os planos. O tamanho do cérebro, conceito utilizado durante muito tempo para caracterizar a mulher como um ser inferior, aparece pela primeira vez em Aristóteles. Segundo o filósofo, a mulher é um defeito, doente por natureza. Aristóteles é o primeiro pensador a transformar a diferença sexual em desigualdade, demonstrando que corpo é produto de momentos específicos, históricos e culturais, enfim, um trabalho de arte. A aliança do pensamento filosófico grego com outros discursos, especialmente o religioso, foi fundamental para definir a moral sexual ocidental. A final, o que tem de natureza em nosso corpo? A natureza que sempre no mearam em nosso corpo e em nossa subjetividade é natural ou uma construção social, política e cultural? Quando se designa uma “natureza feminina”, retira-se o caráter de construção do discurso que imputa à mulher, funções, papéis e comportamentos e, ao mesmo tempo, a transforma em mera espectadora de uma situação que parece imutável. A filosofia em sua perene preocupação com o sentido da vida, das relações entre os seres, foi também o discurso que se preocupou com o sexo. Esta preocupação em classificar a diferença sexual em relação a outros tipos de diferenças acabou por transformar em certeza científica a inferioridade feminina. F ilosofia e M edicina estavam ligadas a uma arte de viver, que era simultaneamente médica e ética.
Eje 11: Cuerpos, disciplinamiento y normatividad
Facultad de Humanidades y Ciencias de la Educación
description Os corpos são pura linguagem e poder. Muito pouco de natureza existe neles. Práticas discursivas e práticas não discursivas construíram nossos corpos; discursos históricos carregados de poder, ditaram como deveria ser um ho mem e consequentemente, como deveria ser uma mulher. Este texto tenta demonstrar que cultura ou que discurso atemporal construiu a mulher. Como o corpo da mulher, foi pensado e como foi inventada a “natureza feminina”. Platão nomeia a “natureza feminina”, responsabilizando a matriz (útero) pelas doenças femininas. Hipócrates, seguindo Platão, teoriza a “sufocação uterina” relacionando o fraco com o feminino e o forte com o masculino, hierarquizando os sexos desde a geração. Platão e Hipócrates unem-se na concepção da mulher encarada como matriz; a semente, a produção, é exclusiva do masculino. Aristóteles, talvez o mais influente filósofo grego, elabora um modelo explicativo sobre a geração, a determinação do sexo e a existência das monstruosidades em duas obras: A Geração dos Animais e As partes dos animais, designando ao feminino, inferioridade em todos os planos. O tamanho do cérebro, conceito utilizado durante muito tempo para caracterizar a mulher como um ser inferior, aparece pela primeira vez em Aristóteles. Segundo o filósofo, a mulher é um defeito, doente por natureza. Aristóteles é o primeiro pensador a transformar a diferença sexual em desigualdade, demonstrando que corpo é produto de momentos específicos, históricos e culturais, enfim, um trabalho de arte. A aliança do pensamento filosófico grego com outros discursos, especialmente o religioso, foi fundamental para definir a moral sexual ocidental. A final, o que tem de natureza em nosso corpo? A natureza que sempre no mearam em nosso corpo e em nossa subjetividade é natural ou uma construção social, política e cultural? Quando se designa uma “natureza feminina”, retira-se o caráter de construção do discurso que imputa à mulher, funções, papéis e comportamentos e, ao mesmo tempo, a transforma em mera espectadora de uma situação que parece imutável. A filosofia em sua perene preocupação com o sentido da vida, das relações entre os seres, foi também o discurso que se preocupou com o sexo. Esta preocupação em classificar a diferença sexual em relação a outros tipos de diferenças acabou por transformar em certeza científica a inferioridade feminina. F ilosofia e M edicina estavam ligadas a uma arte de viver, que era simultaneamente médica e ética.
publishDate 2011
dc.date.none.fl_str_mv 2011-09
dc.type.none.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/conferenceObject
info:eu-repo/semantics/publishedVersion
Objeto de conferencia
http://purl.org/coar/resource_type/c_5794
info:ar-repo/semantics/documentoDeConferencia
format conferenceObject
status_str publishedVersion
dc.identifier.none.fl_str_mv http://sedici.unlp.edu.ar/handle/10915/114867
url http://sedici.unlp.edu.ar/handle/10915/114867
dc.language.none.fl_str_mv por
language por
dc.relation.none.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/altIdentifier/url/http://www.memoria.fahce.unlp.edu.ar/trab_eventos/ev.4948/ev.4948.pdf
info:eu-repo/semantics/altIdentifier/issn/2250-5695
dc.rights.none.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/openAccess
http://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/2.5/ar/
Creative Commons Attribution-NonCommercial-NoDerivs 2.5 Argentina (CC BY-NC-ND 2.5)
eu_rights_str_mv openAccess
rights_invalid_str_mv http://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/2.5/ar/
Creative Commons Attribution-NonCommercial-NoDerivs 2.5 Argentina (CC BY-NC-ND 2.5)
dc.format.none.fl_str_mv application/pdf
dc.source.none.fl_str_mv <a href="http://www.memoria.fahce.unlp.edu.ar" target="_blank">Memoria académica</a>
reponame:SEDICI (UNLP)
instname:Universidad Nacional de La Plata
instacron:UNLP
reponame_str SEDICI (UNLP)
collection SEDICI (UNLP)
instname_str Universidad Nacional de La Plata
instacron_str UNLP
institution UNLP
repository.name.fl_str_mv SEDICI (UNLP) - Universidad Nacional de La Plata
repository.mail.fl_str_mv alira@sedici.unlp.edu.ar
_version_ 1846064236301647872
score 13.124843